Onze Horas - mini-conto
(23h00)
“Minhas ruas, minhas luas,
Não sei sequer por onde passam mais,
Esqueci muitos poemas, muitas histórias,
E me lembro de devaneios. Por que?”.
Hoje apaguei as luzes do quarto,
Alumiei dois cantos com velas,
E adormeci.
Acordei sonolento, com frio, e um pouco de sede.
Achei tudo aquilo estúpido.
A cera derretida, a posição das velas.
De repente tudo estúpido. Tudo.
Foi então que recordei.
Olhei para a escrivaninha e uma foto estava lá.
Olhei para o chão. Suas roupas.
Respirei. (Profundamente)
Seu cheiro.
A agonia sufocante como si houvesse mergulhado num mar. Até conhecido. Decorado.
Profundo. Gelado cortante.
Tomou conta de mim...
Percebi. Ou melhor. Me lembrei. Depois percebi. Ou tudo junto.
Fora tudo em vão.
Nem sequer sonhei-te.
(Depois da meia noite)
“Se me acho, te procuro,
Se te procuro, não me acho.”