Um cadáver,o vento e muita correria

Este conto reproduz um fato acontecido comigo e meu amigo Sr Sargento Fernandes.

Sexta feira, 13 de agosto, estávamos no plantão das 19hs00 às 07hs 00, fazíamos a ronda normalmente, quando recebemos o seguinte chamado:

“- Viatura Policial 10556 é o COPOM”

-Na escuta COPOM, prossiga!Respondi, já que neste dia eu estava integrando a VP como Patrulheiro e o Sargento Fernandes dirigia.

“-Positivo 10556, chegando aqui uma denúncia de encontro de cadáver no Melo Viana, é o seu setor?”

-Positivo, passe o local correto e breve histórico.

“-10556, segundo informações anônimas, um corpo de um homem está caído na estrada que liga Esmeraldas ao município de Capim Branco, sem mais detalhes!

-Ah!Positivo COPOM, é de conhecimento da guarnição o local, partiremos para lá imediatamente.

Durante o deslocamento o Sargento Fernandes falou:

“-É Soldado Tadeu, hoje vamos agarrar, passaremos a madrugada vigiando corpo.”

Chegamos ao local e constatamos que de fato havia um corpo, tratava-se de um adolescente, caído em decúbito dorsal e tinha quatro perfurações no crânio, produzidas por disparos de arma de fogo, o local era ermo, mato para tudo quanto é lado, propicio para desovar corpos.

Fui até a VP para pegar o Kit (Lona, fita zebrada e cones) utilizado nos casos de homicídio, foi então que percebi que não tínhamos nos equipado com ele.

-Ih, Sargento, não pegamos o Kit e agora?

De uma astucia de se fazer inveja ao Chapolin Colorado, o Sargento teve a idéia de pegarmos o forro do porta-malas e colocá-lo por cima do cadáver e foi o que fizemos, ainda colocamos 4 pedras grandes para segurar o forro e fomos para o interior da VP aguardar a chegada da Perícia e do Rabecão.

Como disse, era sexta feira 13 de agosto e já eram aproximadamente 01h30, permanecíamos dentro da VP, com o farol ligado iluminando a região onde estava o corpo,quando de repente o forro se levanta,as pedras que o seguravam voam para longe e parecia que o cadáver estava se sentando, não pensamos duas vezes, não deu 5 segundos para ligarmos a VP e sair de marcha ré, correndo daquela assombração.

Eu que sou negro, fiquei mais transparente que o Gasparzinho e o Sargento Fernandes ficou mais amarelo.

Depois de aproximados 15 minutos, voltamos ao local, com receio de que realmente havia ocorrido um milagre e o jovem houvesse ressuscitado.

-O Sargento, o que iremos dizer para o COPOM se o corpo não estiver mais lá?

“-Não quero nem pensar nisso, Soldado Tadeu!!!”

Chegamos lá novamente, tremendo e constatamos que apenas um vento mais forte, nos pregou aquela peça que ficará gravada para sempre em nossas memórias.

Poeta de Assis
Enviado por Poeta de Assis em 10/05/2009
Código do texto: T1586039
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