O Menino Que Morreu Sozinho
E numa terra que parecia e muito com essa em que a gente vive, ouvi dizer que vivia um garoto.
Garoto levado, maroto danado, que adorava conversar sozinho.
Chamavam-no de louco, de sádico, demente, mas nunca sequer viram o garoto doente ou sofrendo de dor.
Nunca viram o garoto gritar desesperado, nem sequer por um susto tomado, muito menos o viram chorar de amor
E o menino falava sozinho, conversava por horas a fio, com alguém que ninguém enxergava
E enquanto todos riam-se do garoto franzino, ele jamais deixava de ser menino, mesmo quando o tempo passava
E assim, os ventos mudaram, as pessoas que riam-se dele, definharam e com o tempo, partiram
Foram pra outros lugares, voaram, nos mesmos ventos que um dia carregaram, os sorrisos que, ao menino, sortiram.
E enquanto ele via-se só, numa solidão que poderia dar dó, e contava segredos a ele mesmo
Via todos se preocupando com o mundo, num vai e vem, moribundos, mas que desperdiçavam o tempo a esmo
O segredo do menino moleque, que estava sempre serelepe e não sofria com o tempo que corria
Era que, ao invés de andar apressado e olhar para os outros preocupado, ele conversava com si mesmo todo dia
Assim, só ia aonde queria, só sonhava os próprios sonhos e quase nunca se desapontava
Afinal, ele só vivia pra ele mesmo, e até quando enamorado estava, antes de tudo ele se amava.
Passou a vida sozinho, mas em cada segundo que viveu, teve a certeza que o fez por que quis.
Assim o menino seguiu, e quando a morte chegou, sozinho morreu, porém sorrindo e feliz.
N.A: Eis a história de um menino que viveu como quis, e morreu sozinho.
E nós que vivemos a vida a mercê de outras pessoas e no fim da vida morremos sozinhos como ele?
O invejei quando o conheci.