Mais 24 horas
Teve tanta pressa, pediu para o tempo parar... agora implora com um triste olhar, desejando apenas que o ajude...
O tempo que cismava fazer correr, que por vezes desejou ser mais lento, agora o envolve num interminável tédio, em que até o “tic-tac” parece ser tão pausado...
As manhas tem sido longas, espaçadas ao extremo, como nunca tinha antes notado... pela tarde, sente um certo alivio, afinal, venceu metade de um dia... mais um dia... quando chega a noite, com toda sua escuridão e solidão, encontra-se mais uma vez somente ele e seu botão...
Ironia esse destino... correr contra o tempo para fazer relatórios, para pegar o trem, para não perder o vôo, para cumprir a meta... agora o médico diz... tenha calma, só o tempo dirá quando se dará a melhora...
- Sinto-me um nada, não faço absolutamente nada, além é claro de contar o tempo e perceber tudo o que antes não via, simplesmente por correr demais, querer demais e julgar faltar tempo... é doloroso me ver assim, sabendo que a culpa é unicamente minha, por deixar me levar, acreditando numa verdade absoluta; agora, enxergando apenas o teto, nesse espaço tão limitado, consigo vislumbrar possibilidades e sei que na vida, tudo e nada é muito relativo, e que o tempo perdido não volta...
- Tive tanta pressa, pedi para o tempo parar... agora, preso a esta cama, sei que o tempo não para, a vida segue, outros dias vão e vêem, apenas eu ficarei inerte, tentando recuperar-me, tudo a seu tempo.