No meu tempo crescíamos sabendo que tínhamos que estudar, ter uma meta do que queríamos ser na vida. Aos olhos de meus pais, a Faculdade era uma condição sine qua non que  abriria para meu futuro,  um leque de oportunidades -  e acabei fazendo Faculdade de Letras.

 

Antes disso, em vez de cursar o Colegial,  resolvi fazer o Curso de Secretariado porque naquele tempo  ser Secretária era uma coisa que me atraía muito! Mergulhei entao nas multinacionais, foram muitos e muitos anos com chefes diversos, personalidades diferentes  que nunca tive problema de enfrentar.

Era telefone tocando, preparar reuniões, fazer apresentações que eram passadas em transparência através de um retroprojetor. Sou do tempo do Telex, do Fax e do mimeógrafo! A máquina de datilografar era elétrica, que tinha a capacidade de corrigir os erros de digitação com uma fita corretiva. Essa fita era acionada por uma tecla especial  que imprimia um caractere branco, apagando-o. Ai podiamos digitar a letrinha certa no devido lugar. Ufa!


E além de toda essa parafernalia antiga, havia todo aquele trabalho de reservar sala de reunião, administrar o tempo entre os Gerentes, e muitas vezes nem dava tempo de almoçar, mas sim um lanchinho corrido. Muitas vezes no meio do lanche,  aparecia meu chefe do nada:

- Dá para trazer um cafezinho? O fulano não toma com açúcar, purinho mesmo.  

- Tem adoçante? Veja se no restaurante tem água mineral.

 

Os americanos tinham mania de “cream” no café (que eu colocava leite) e pediam água filtrada (morriam de medo da água do Brasil). Eu, silenciosamente, pegava água do bebedouro mesmo - geladinha. Um dia quase me pegou de  saia curta, quando  perguntou:

- Que marca é essa água? - tremi! 

Na minha cabeça veio Lindóia… acho que era a única que eu conhecia, e falei o nome sem piscar.  Ele me olhou e disse: “Very Good!”. Saí da sala procurando pelos meus patins!

 

E aquela preocupação de planejar viagens?  roteiros certos , conexões entre uma cidade e outra;  hoje quando eu penso,  acho que eu não fiz tudo isso. Mas naquele tempo a cabecinha era tao leve...

 

Essas lembranças vieram hoje, conversando com uma amiga (essa loirinha da foto)  quando trabalhamos juntas em  São Paulo, na Bristol Myers Squibb. Eu era Secretaria do Diretor de Logistica, e ela, do Diretor de Vendas.

Depois dessa conversa, ao relembrar tudo, quando desliguei  senti aquele estressezinho básico.

 

Ainda bem que só faltam 15 minutos para a minha aula de jazz. Bora lá!

 

 

Mary Fioratti
Enviado por Mary Fioratti em 13/05/2006
Reeditado em 22/09/2023
Código do texto: T155484
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.