De Outras eras...
Deliberadamente, deixei que meu olhar se cruzasse com os ansiosos olhos cor de mel que, imediatamente, baixaram envergonhados e culpados. Envergonhados, culpados e suplicantes, porque no seu baixar eu os adivinhei ajoelhados, rogando pela misericórdia da minha discrição...
Pensativo, saí e encetei nova descida pela íngreme e pedregosa vereda, que conduz ao rio de águas límpidas que correm no meio das milenares formações graníticas e, aqui e ali, formam maravilhosas piscinas onde eu mergulhava nu e livre, no paraíso do meu verão!
Aproximei-me de um recanto sob a sombra dos amieiros, ajoelhei-me e toquei o chão com a palma da minha pequena mão: Juraria que a terra ainda estava quente do corpo da moça dos belos olhos cor de mel, que ali flagrei cerrados, encerrados ao mundo, enquanto se abria a todo o prazer que o homem sobre o seu ventre parecia dar-lhe...
Excitado e de respiração pesada, repassei mentalmente o rápido desenrolar do furtivo encontro que de tão perto testemunhei inicialmente sem ser notado porque, solitário, ali já me encontrava deitado venerando a estranha quietude das frondosas árvores ribeirinhas; “Comeria teus restos”, pensei...”Não fora eu tão desesperantemente jovem, mau grado tão desesperantemente ereto...”