CONTO DE AMOR CURTO
CONTO DE AMOR CURTO
Marília L. Paixão
João era louco por Maria e Maria era louca por João. Mas era uma loucura a distância onde um de paixão pelo outro nada dizia. Foi então que apareceu José e com uma flor e nem muita lábia casou-se com Maria sem demora. Acontece que Maria nunca mais soube o que era o cheiro de uma rosa e do olhar não sabia tirar a tristeza dos dias que João mesmo à distância notava. Foi então que João resolveu assediá-la
E ao invés de lhe levar uma flor fez de conta que era um catador de espinhos.
Estava lá Maria varrendo o terreiro do seu pequeno barraco. Era assim que João enxergava a casinha de Maria que era muito menor que o canteiro sem rosas por onde ela varria.
- Oi Maria.
- Oi João. O que faz por aqui?
- Nada não, Maria, só que o sol está quente e a lanchonete mais próxima está fechada. Será que você não me arrumaria um copo de água?!
- Sim, mas terá que andar logo, pois José não tarda a chegar.
Foi lá e buscou-lhe a água num copo bem grande e João lhe tocou a mão ao pegar o copo.
- Deixa disto João.
- Eu sei que você não é feliz, Maria.
- Mas isto é coisa da vida, João, não é culpa de ninguém não e nosso tempo já passou.
- Não passou não, Maria. Ainda podemos mudar tudo isto. Ele disse com o coração ardente e uma voz tão forte e bonita que Maria tinha ficado surpresa. Nunca imaginava João lhe dizendo tais coisas. Segurou umas poucas lágrimas e antes de vê-lo se afastar imaginou-se trancada num cômodo sem portas e janelas.
João foi embora levando os espinhos das ultimas palavras de Maria
- Estou esperando um filho de José.
Tomou o grande copo de água que ela havia lhe trazido e o devolveu sem lhe tocar as mãos.
Olhou para o ventre de Maria sabedor que aquela rosa ele não carregaria, mas se ele lhe notasse com mais espinhos, certamente ele voltaria. No entanto, não disse mais nada e partiu com os dedos sangrando.