FUGA DESASTRADA

FUGA DESASTRADA

Na pequena cidade de Bambuzal a cadeia era pequena e muito mal construída, as paredes de pau a pique eram extremamente frágeis e o telhado era em vão livre sem forro e as telhas eram mal cozidas o que tornava a cerâmica sem resistência, o certo era que os presos ficavam lá se quisessem.

Como crimes graves nunca aconteciam naquele pacato lugar, para os roubos de galinhas nos quintais e uma ou outra briga mais seria, a precária cadeia estava de bom tamanho, mas com o passar do tempo o velho cárcere foi piorando de condições e o delegado achou melhor fechar a dita cuja.

Era preciso acomodar os poucos presos e o juiz da comarca resolveu ceder uma sala do segundo andar do Fórum, que foi logo adaptada e se transformou em cadeia com duas celas com grades, e o assunto ficou resolvido; entre os presos estava o Catraca, que vivia mais dentro do que fora da cadeia.

Catraca estava acostumado a fugir da cadeia velha com a maior facilidade e quando se viu preso no segundo andar do Fórum começou logo a estudar um jeito de sair dali, mas pular era impossível, porque podia quebrar as pernas e a guarda foi reforçada para o senhor juiz não ser perturbado.

Alguns dias depois da mudança dos presos, Catraca ainda não tinha uma boa déia para tentar a fuga, mas quando já estava desanimado, seu amigo Pilancha foi preso por um pequeno furto e colocado na mesma cela de Catraca, ele então encontrou a solução para sua fuga, contando com a ajuda de Pilancha.

Falou em seu plano e Pilancha disse: que cê tem pra me dar? não faço nada de graça, discutiram o assunto e Catraca deu a ele um maço de cigarros que sua mãe tinha levado; o plano era emendar os lençóis e cobertores, fabricando uma rústica corda que os presos chamam de Tereza e esperaram a hora certa.

Naquela mesma tarde um preso passou mal e um dos guardas foi leva-lo ao medico, o segundo guarda se assentou e dormiu, ai os dois amigos levaram a Tereza até a grade que ficava nos fundos da cela e Pilancha segurou firme enquanto Catraca descia, mas de repente Pitancha soltou a improvisada corda e Catraca despencou, caindo lá embaixo aos gritos.

Foi aquela correria para socorrer o fujão, que por sorte só fraturou um braço, mas ao ser levado para dentro ele partiu para cima de Pilancha perguntando porque ele tinha soltado a corda e ele respondeu: uai sô, a Tereza queimou minhas mão e eu sortei pra guspi nelas pra refrescá, eu ia pega de novo mais num deu tempo e ocê caiu, me discurpe.

Mesmo com o braço quebrado Catraca deu uns tapas em Pilancha e tomou o maço de cigarros, enquanto os funcionarios do Fórum quase morriam de rir da desastrada fuga; levaram Catraca ao medico e o separaram do ex amigo Pilancha até ele se acalmar, para evitar novas confusões e o episodio foi encerrado.

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}

Texto registrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 16/04/2009
Código do texto: T1541644
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