Basta-me tua amizade

Rog estava novamente absorto em seus questionamentos enquanto eu o observava. Eu adorava ver os seus olhos enquanto ele pensava, pois eles perdiam-se lentamente e ficavam ainda mais belos. Nunca soube nada sobre ele, e não conhecia nada além de seu olhar reflexivo, de sua voz bela e ressonante, e de sua companhia, a qual mesmo se fazendo imperceptível às vezes, sempre arrancava do silencio as respostas para as mais complexas perguntas.

Eu sempre me senti bem ao seu lado, porém desta vez havia me decepcionado de tal maneira que nem a sua companhia me fez tão bem como antes. Não tinha me decepcionado com ele, mas sim com todas as pessoas. Eu apenas fiquei em silêncio, mas a sua compreensão sobre mim, que muitas vezes nem eu mesma possuía, o fez perceber algo estranho.

Na realidade seu olhar estava tão triste quanto meu. Perguntei o que havia acontecido, e ele apenas me disse que havia pessoas que lhe faziam mal. Numa tentativa frustrada de arrancar alguma coisa dele perguntei-o o que havia acontecido. Ele não me respondeu, nunca responde... Mesmo que para todas as suas perguntas ele exija uma resposta.

Fiquei olhando para os olhos castanho-claros mais alguns minutos, e de súbito ele retomou a fala. “Enquanto você tem uma pessoa que goste muito, e esta pessoa está distante de você, a ausência dela lhe causa certo vazio, porém a partir do momento em que esta pessoa passa a conviver contigo e se faz especial para você, e você para ela, a sua ausência o mata pouco a pouco, e presença dessa pessoa, seja ela quem for passa a ser imprescindível para que você se mantenha vivo...”. Eu o disse que não demoraria, e sai um pouco da sala, no entanto, acho que demorei muito mais do que pretendia.

Voltando, vi os olhos de meu amigo marejados... Vi os olhos de um homem que “Não chora” se encherem de lágrimas. Eu não estava em condições de dizer-lhe nada. Por dois motivos, O primeiro é que não tinha certeza do que ele queria me dizer, o segundo é de que não estava em condições de aconselhar ninguém. Porém na oportunidade de dizer-lhe o que sentia, empreendi viajem em uma frase que eu não sabia aonde ia me levar. “As coisas nem sempre acontecem na ordem que deveriam, pelo contrário. Muitas vezes o fim vem antes do começo. Aquele que deixa de sonhar acaba com o sonho antes de tê-lo tido, assim como as pessoas que amamos se vão antes de sentirem-se amadas, mas Rog... eu já sabia precisar de você antes de conhecê-lo, e para mim basta a tua amizade.” . E parti.

obs: faz tempo que não posto nada... estou meio enferrujada!

Sah
Enviado por Sah em 11/04/2009
Código do texto: T1534266
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