o mestre e o discípulo - reflexões sobre a morte

O discípulo entrou repentinamente no aposento do Mestre, se ajoelhou, pôs o rosto entre as mãos e chorando convulsivamente se dirigiu a ele:

- Mestre... Ela era a pessoa mais importante em minha vida.

O mestre já informado sobre o falecimento da genitora do discípulo, respondeu prontamente:

- Toda mãe é importante... Mas a pessoa mais importante? Sinceramente não estou entendendo.

- Eu nasci dela... Ela me criou... Deu-me amor, carinho, alimento... Com ela passei os melhores momentos de que me lembro... Agora ela morreu... Sinto-me abandonado... Totalmente abandonado... Sem saber o que fazer...

- Abandonado por Deus, por sua mãe ou por si mesmo? Questionou o Mestre serenamente.

- Não sei dizer...

- Siríaco... Por que deposita a sua felicidade em outra pessoa?

- Não é qualquer pessoa Mestre! É minha mãe. Respondeu emocionado.

- Você não respondeu à minha pergunta, Siríaco.

- Eu tenho o direito de amá-la, não tenho?

- Sim, tem... Mas não tem o direito de construir uma prisão dentro de você e encarcerar sua mãe, não dando a ela o direito da liberdade merecida.

- Eu estou sofrendo mestre!

- Caro Siríaco, a cada um é dado o direito de alcançar a própria felicidade e ninguém pode conquistá-la pelo outro, assim como não podemos culpar os outros por não sermos felizes.

- Não estou entendendo Mestre...

- A morte é o momento da verdade, Siríaco. Estamos neste mundo para aprender e sua mãe já passou por todas as lições que tinha de passar. Inclusive criar e amar você. Agora ela seguirá o caminho que alcançou por merecimento.

- Que caminho é esse Mestre?

- O caminho que ela construiu, certamente. Venha Siríaco, oremos por ela, para que encontre luz e paz onde estiver.

O discípulo já um pouco melhor se junta ao Mestre para orar pela mãe no silêncio da noite.