Almoço em família
Enquanto conversava com sua esposa, segurando a mão de seu filho, Carlos atravessou a rua:
_ Depois eu busco sua bolsa no carro, primeiro vamos garantir um bom lugar no restaurante. - disse, Carlos, explicando à sua esposa o motivo da pressa.
Entrando no estabelecimento, Carlos empurrou suavemente sua mulher pela cintura, levando-a para uma das poucas mesas livres. Aguardaram seus pedidos, sentados, até que ruídos de sirene ecoaram, chamando a atenção de alguns clientes do restaurante. O filho de Carlos se levantou e correu para a porta do local:
_ Volte aqui, menino! - dizia a mãe do garoto.
Distraidamente, o chefe de família observou sua mulher indo até a calçada, para buscar a criança. Pensando sobre como esses dias em que a família se reúne estavam se tornando raros, Carlos viu a mãe chegando a calçada e pegando a mão de seu filho, o qual olhava para o alto, espantado. Sem ouvir o que se passava, assistia a mulher de sua vida, apreciando a dedicação da mãe ao repreender o filho, segurando-o pelo braço e gesticulando com energia. Sua distração foi quebrada quando se questionou: “Por que o garoto não pára de olhar para cima? Por que agora ela faz o mesmo?”. Carlos franziu a testa e mais uma vez perguntou para si mesmo “Por que todos estão parados? O que há lá em cima?”. Foi até a porta, observar o que se passava, para então saber o motivo de todo o espanto: Haviam enormes animais pousados sobre a mureta do último andar.
Houve uma grande movimentação. Todos que estavam no restaurante saíram para também observar. Alguns tiravam fotos, outros gritavam, pessoas ligavam de seus celulares. Em meio a multidão que crescia, um homem berrava ao telefone: “Você não acredita? Vou mandar-lhe uma foto agora...”. Carlos, com a curiosidade aguçada como nunca, correu de volta ao prédio do restaurante e procurou pelas escadas. Sua mulher apenas gritava querendo saber onde iria o marido.
Subindo as escadas de emergência, o pai estava ofegante e pensativo, vivenciando a adrenalina de não saber o que encontraria, mas, acreditava ele, que seria o momento mais espetacular de sua vida. No último andar, antes de abrir a porta, Carlos hesitou por um segundo, tocando a maçaneta enquanto ouvia um grunhido estridente, algo diferente de tudo que já presenciou. Respirou fundo e abriu a porta, para então se surpreender com a cena mais assustadora de sua vida: Haviam dinossauros alados se digladiando, diferentes dos de filmes que vira, mas com semelhanças suficientes para que ele os identificasse como sendo pterodáctilos.
Após chegar de volta ao restaurante, mais rápido do que na subida, mal conseguia falar de tão cansado:
_ Mulher! Eu te disse... Devia ter trazido a bolsa... A máquina fotográfica ficou lá... Me espere aqui... Não deixe ninguém subir... Vou ao estacionamento...
_ Calma, Carlos! O que você está falando?