Desventuras de um ex-boneco de neve VII
“Como vou crescer se nada cresce por aqui? Quem vai cuidar dos doentes? E quando tem chacina de adolescente, como é que você se sente?”
(Trecho da canção Mais do mesmo, Legião Urbana)
Sentiu uma dor aguda nas nádegas, levou um tempo para perceber o que estava acontecendo, primeiro pensou que ainda estava sonhando e a dor era resultado do baque na piscina seca, mas logo constatou que a realidade era bem pior.
---Levanta vagabundo! Alguém gritou, chutando-lhe.
Então percebeu que a dor era causada pelos chutes dados por um homem de feições grotescas e dentes amarelos.
Mas por que, o que ele fizera??
O homem deu uma cuspida nos pés do garoto e continuou gritando e empurrando-o.
---Pra fora seus filhos da puta! Acham que podem invadir uma propriedade privada e depois ficarem dormindo numa boa.
E entre chutes e pancadas, o homem de dentes amarelos e mais alguns outros os pôs para fora do galpão. Todos corriam o mais que podiam, menos Marola, este voltou com um pedaço de pau nas mãos e acertou um dos homens nas costas com toda a força que tinha, o homem voltou-se surpreso para o garoto que o atingira.
---Seu impertinente você v... Começou a dizer, mas parou ao ver o sorriso que o menino esboçava.
Marola sentia uma felicidade sádica ao acertar aquele homem, à anos queria fazer isso, à anos queria devolver pelo menos um pouquinho do recebia diariamente. Marola estava tão inebriado com aquela nova sensação de vingança que nem percebeu quando outro homem, o de dentes amarelos, sacou uma arma e disparou, acertando-o em cheio.
Mas Lombriga viu e Caolha também, Lombriga chorou, Caolha não, já estava acostumada a ver seus amigos apanharem e até morrerem nas mãos de adultos cruéis como aqueles.
---Vamos chamar os guardas. Choramingou Lombriga.
---Eles são os guardas. Respondeu Caolha.