CAPÍTULO III (O PENÚLTIMO)
João Luiz estava no seu quarto, deitado na cama e olhando para o teto. Completamente distraído com seus pensamentos às vezes esboçava um sorriso de satisfação. Não se sentia culpado pela morte do velho.
João Luiz o odiava. Se tivesse tido oportunidade gostaria de matá-lo com as próprias mãos. Levantou-se e foi até a janela de onde poderia vislumbrar uma boa parte daquela mansão. Outra vez sorriu , calculando mentalmente quanto receberia pela herança. Seus planos estavam seguindo exatamente como imaginara durante muito tempo.
Revisou seus últimos passos e se sentiu mais aliviado. Nada poderia comprometê-lo. Tinha pensado nos mínimos detalhes e a sorte estava a seu favor.....
Antonio, acabara de sair do banho. Dirigiu-se ao seu guarda roupa e escolheu uma camisa clara combinando com uma calça escura. Enquanto se trocava, reviveu seus últimos momentos com o pai.
Afinal, ele foi a última pessoa a ver o fazendeiro com vida. Tinha ido ao escritório do velho para comunicar que não viajaria para a França. Jamais deixaria aquela casa, pelo menos não pensava nisso por enquanto.
Achou que aquela seria a melhor oportunidade de contar ao velho seu amor por Mariana. O fazendeiro quando soube se enfureceu. Ficou pálido, com a respiração difícil e suando muito.
O filho, preocupado, foi até a cozinha e lhe trouxe um copo d'água. O velho, procurando se acalmar tomou toda a água. Por uns instantes ficou em silêncio , mas logo começou a tossir. Antonio, levantou-se e sem encarar o pai, deixou a sala.....
Mariana tinha ido ao centro da cidade. Passara pelo banco e depois foi a farmácia comprar remédios para seu patrão . O velho fazendeiro tomava alguns remédios para controlar a pressão, insônia e a ansiedade. Eram remédios fortíssimos, receitados sob rigorosa prescrição médica e teriam que ser ingeridos nos horários pré determinados. Qualquer excesso, ou mesmo o fato de não tomar os remédios nas horas certas, seria fatalmente prejudicial a saúde do velho.
E Mariana sabia disso. Era ela quem controlava a medicação do seu patrão e ele confiava cegamente nos cuidados da sua jovem e bela assistente.
Quer dizer, se Mariana cometesse uma falha ou engano, esquecesse ou confundisse a medicação, o que certamente traria consequências desastrosas, provavelmente ninguém ficaria sabendo....
O advogado de confiança da família, o Dr. Junqueira chegara uma hora antes da reunião e imediatamente foi conduzido por um dos empregados ao escritório do falecido, onde poderia ficar completamente à vontade e tomar algumas providências antes de ler o testamento.
Queria acabar logo com aquilo. Ele já sabia que a reunião seria tensa e desagradável e certamente a decisão do velho fazendeiro não seria do agrado de ninguém.
Ele queria se livrar desse incômodo mas o velho, como se quisesse se vingar da sua família, fez o advogado jurar que só revelaria o segredo , só faria a leitura do testamento depois que ele tivesse sido enterrado. Exatamente, não se sabe o motivo, nove dias depois. O velho pressentia que morreria em breve.
O Dr. Junqueira sabia o quanto teria que ouvir após a leitura. Seria uma verdadeira guerra, uma nojenta guerra. Tomara que isso pudesse acabar logo, ele pensou.
Enquanto refletia, olhou para o enorme relógio que ficava na parede bem a sua frente e verificou que faltavam cinco minutos para as quatro horas.
Gabriele foi a última a entrar na sala. Sentou-se ao lado de sua mãe que nem se deu ao trabalho de lhe dirigir o olhar.
Bela estava com sua atenção completamente voltada para outra direção. Todos se assustaram quando bateram fortemente na porta.....
.....continua.....
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(.....imagem google.....)