O BEIJA-FLOR E O PIQUIZEIRO!
APÓS TANTAS GUERRAS E DESTRUIÇÃO ELE ESTAVA ALÍ, SOLITÁRIO, MAIS LINDO E IMPONENTE, ENQUANTO EU, PEQUENINO, FRÁGIL, QUASE INSIGUINIFICANTE. TALVEZ POR ISSO MESMO GOSTAVA TANTO DE ADIMIRÁ-LO. ELE ME INTRIGAVA: "COMO ALGUÉM TÃO SÓ, PODERIA SER DONO DE TANTA BELEZA E TANTAS QUALIDADES?". SEUS FRUTOS POR FORA ERAM COMO UMAS ESMERALDAS BRUTAS, MAS EXPLENDOROSAS. POR DENTRO, ERAM COMO A FLOR DE ALGODÃO, AMARELO, SUTIL E CARINHOSA.
COMO UM ÚTERO MATERNO, SUA CASCA ENVOLVIA SEU FRUTO, DE FORMA LIGEIRAMENTE ARREDONDADO, AMARELO OURO E PRECIOSO TANTO QUANTO, E AQUELA POLPA AMARELA, QUE SE TRANFORMA EM ALIMENTO PARA OS HOMENS E ANIMAIS. MAS ELE EXIGIA APENAS CARINHO, PARA NÃO FERIR COM SEUS ESPINHOS, NÃO POR MALDADE, MAS SIM POR QUE AQUELES ESPINHOS PROTEGIA SUAS CASTANHAS VALIOSAS COMO A PRATA, QUE É A SUA ALMA RESPONSÁVEL PARA CONTINUAR COM A SUA ESPÉCIE. MAS O HOMEM, MAIS UMA VEZ, O VIOLENTA, E FAZ DAQUILO O SEU ALIMENTO, VEZES COMO ÓLEO, VEZES COMO UNGÜENTO.
EU AQUI SEM NADA PODER FAZER, OU QUASE NADA. POIS UM DIA AO VER AQUELE GIGANTE SE ENTRISTECER, TOMEI CORAGEM E FUI QUERER SABER, E ELE LOGO DESABAFA: "O HOMEM QUE EU ALIMENTEI DESTRUIU TUDO A MINHA VOLTA, E A CHUVA AQUI NÃO MAIS CAIU. A TERRA ESTA SECA E QUENTE, E MINHAS RAÍZES NÃO ALCANÇAM AS NASCENTES". EU, NUM IMPULSO DESESPERADO, POR AMOR FUI TOMADO, E VOEI ATÉ O RIO, ENXENDO MEU BICO DE ÁGUA, PARA ELE TRAZIA. MAS VI QUE NÃO ADIANTAVA, POIS ELA JÁ ESTAVA DESACORDO. MAIS EU NÃO ME CANSAVA DE TENTAR, QUANDO DERREPENTE, O HOMEM VEIO COM SEU MACHADO, E AQUELE GIGANTE SE PÔIS A DERRUBAR: PRONTO... É O FIM! ENTÃO PAREI E CHOREI, CHOREI, E CHOREI ATÉ A TERRA MOLHAR. E QUANDO PAREI E FIQUEI A OBSERVAR, EU VI DA TERRA BROTAR UM NOVO PÉ DE PIQUI, QUE VEIO O MEU CORAÇÃO ALEGRAR.
(ASS: BEIJA-FLOR)