A Menina que passava pela janela

... O sorriso dela sempre refletia a luz que espreitava aquele canto da sala e, em raios parcos, conseguia sair pela janela. Porém, aquele sorriso sempre emitia mais luz que me vinha e atravessava, além daquele quadrado insólito de vidro estampado na porta, meu irrisório ser. Sentimentos me refaziam naqueles momentos, instantâneo-eternos, que me faziam pairar pela eternidade, flutuante, abstraindo de tudo que me rodeava. Por vezes até me estranhavam... Pouco me importava! Suas ponta-de-pés me faziam sorrir sozinho, por dentro, mesmo apenas vendo os belos traços daquele olhar que diz...

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O sorriso dela me apraz e seduz. Desde sempre. Mesmo antes, quando minha imperceptível presença rondava aqueles olhos, mesmo sem ser, por fim, percebido.

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Ah! Como sorriso sempre belo olha, diz e, para mim, sorri. A Menina sempre passava, naquelas tardes, por aquela janela ínfima que, se não fosse a porta que a compõe, mal seria percebida por mim.

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Sorriso de Menina. Olhar de criança mimada. Dos dois lados daquela janela. Ponta-de-pés dela. Falta de chão meu. Ah! Que vontade de dizer-te que sempre serei teu. Mas, aquela janela que sorri, olha, diz e nos impede de chegar, já deixava claro, pela luz que a transpassava, todo o forte sentimento que iria reinar pela eternidade.

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