Sem choro nem vela
Emiliano era uma pessoa difícil. Não, impossível. Pior do que ele, e pra entrar na linguagem do próprio, só mesmo aquele bafo de branquinha. A mulher dele era uma chata. De todos, era a que mais implicava, a linguaruda!
Um dia, rouco que estava e com dificuldades para engolir, ficou em casa de molho. Um mês depois o médico disse ao casal: é câncer do esôfago. Já se alastrou.
Falava pouco aquele médico, era o que Emiliano resmungava, em casa, sem parar. Depois, entornava umas três. Não jogava nenhuma, muito menos a primeira que costumava dedicar ao santo. E a linguaruda, ia ficar calada? Ele perguntava.
Ficou, até o dia do velório dele. Foi o que ela me disse, sem choro nem vela.