SOLIDÃO BANHADA EM PRATA

(Novos, velhos caminhos)

Já faziam três da manhã, quando seu peito apertou, após tantas lembranças antigas.

Olhou pela janela e a lua lhe encarava, vaidosa e prateada.

Tentou conter os olhos marejados.Vã ilusão.

As represas da alma, quando se rompém, ninguém segura.

E a água veio, salgada e dolorosa.

Eram três da manhã do heptagesimo terceiro aniversário.

A esta altura, as lembranças eram chagas dementes.

Olhou mai uma vez a lua, como se perguntasse “porque também não fui?”.

A resposta: o silêncio sínico e debochado do satélite reluzente.

"Onde estão eles? Meus irmãos, primos, amigos e inimigos. Onde estão?"

"Malditos! Foram para nunca mais e me deixaram aqui.

Sofrida, sonâmbula, sofrega, saudosa, sozinha...

Uma velha entre cacos velhos."

Ah! Mas não se deu por vencida.

Não tinha ninguém? Pois bem, iria atraz de alguém.

"Mas a esta altura da vida? Bobagem!"

Não existe altura da vida, existe distância.

E quando olhamos para tráz,

Após uma extenuante caminhada,

Percebemos que só andamos alguns metros.

Secou os olhos,

respirou fundo,

deslizou sua cadeira de rodinhas até a escrivaninha.

Pegou os óculos,

Olhou para aquela tela brilhante e...

Digitou sua senha, entrando em um chat qualquer, para pedir...

Um colo.

Ita poeta
Enviado por Ita poeta em 16/03/2009
Reeditado em 28/03/2009
Código do texto: T1488824
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