ANJO PRETO
Foi na época da escravidão, quando nas fazendas além do senhor dos engenhos, havia um tal feitor. O feitor era a pessoa mais próxima dos escravos. A ele cabia fiscalizar o trabalho nas lavouras e puni-los quando algo errado aparecia. Pois bem, na fazenda do Capão havia escravos bons e os rebeldes, aqueles que não se adaptavam a escravidão e fugiam formando quilombos. Havia também uma leva de negrinhos difíceis e arteiros como sacis-pererês. Ouviram dizer que o patrão ia viajar. Combinaram: - “Assim que o senhor da fazenda virar as costas, vamos roubar biscoitos e doces na cozinha, protegidos pela Mãe Preta. Acontece que o patrão esqueceu algo e apareceu inesperadamente. Os crioulinhos não sabiam onde esconder. Rapidamente entraram no vão da escada. Lá ficaram de olhos arregalados e cabelos em pé, esperando na moita, uma oportunidade para desaparecerem. Ouviram apenas as botas e o bater da espingarda no grosso assoalho de tabuas corridas. Ainda bem que existe Anjo da Guarda pretinho senão esses pilantras iam acabar na pior.