ANJO PRETO

Foi na época da escravidão, quando nas fazendas além do senhor dos engenhos, havia um tal feitor. O feitor era a pessoa mais próxima dos escravos. A ele cabia fiscalizar o trabalho nas lavouras e puni-los quando algo errado aparecia. Pois bem, na fazenda do Capão havia escravos bons e os rebeldes, aqueles que não se adaptavam a escravidão e fugiam formando quilombos. Havia também uma leva de negrinhos difíceis e arteiros como sacis-pererês. Ouviram dizer que o patrão ia viajar. Combinaram: - “Assim que o senhor da fazenda virar as costas, vamos roubar biscoitos e doces na cozinha, protegidos pela Mãe Preta. Acontece que o patrão esqueceu algo e apareceu inesperadamente. Os crioulinhos não sabiam onde esconder. Rapidamente entraram no vão da escada. Lá ficaram de olhos arregalados e cabelos em pé, esperando na moita, uma oportunidade para desaparecerem. Ouviram apenas as botas e o bater da espingarda no grosso assoalho de tabuas corridas. Ainda bem que existe Anjo da Guarda pretinho senão esses pilantras iam acabar na pior.

Maria Eneida
Enviado por Maria Eneida em 16/03/2009
Código do texto: T1488702
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