Mais que um sonho
Eu estava na sala, não só eu, minha mãe também e, talvez minha madrinha. Olhávamos encantadas para aquele pedacinho de gente que estava sobre o sofá. Ela também nos olhava, com aqueles olhinhos que nem consigo descrever.
Tinha aquele tanto de cabelo preto, diferente desses bebês carequinhas que vejo; e tinha a boquinha, o narizinho, tudo tão bem desenhado. Era minha, só minha. Imagine, tão nova com um bebê só meu. Mas esse fato nem parecia ter importância, era tudo tão natural.
Se ela chorava minha mãe me dizia: “Nádia, ela deve estar com fome.” Mas aí eu dava a chupeta e ela se calava, aceitando. Era bom ver aquela gotinha de gente no colo da minha mãe, era bom também ela ser minha.
Mas aí acordo, com aquele tanto de sentimento me invadindo; susto, alívio, encantamento, “saudade”.