ZIZÚ O PACIFICADOR

ZIZÚ O PACIFICADOR

Dona Eustaquia era uma dessas vizinhas terríveis, incomoda, malcriada e que trazia a vizinhança em perpetuo pé de guerra, porque ela não se contentava com os aborrecimentos que arranjava para si mesma e com suas fofocas e indiretas maldosas, promovia inimizades entre a vizinhança em geral.

Aquela mulher era um terror diário, as pessoas tinham medo de conversar e ser ouvidas por ela, porque de um assunto simples e sem nenhuma maldade, ela conseguia fazer um dramalhão mexicano que invariavelmente se transformava em grandes brigas e inimizades entre pessoas que se entendiam.

A terrível megera era vizinha de divisa com Laura, uma jovem dona de casa muito calma e compreensiva, que sempre desculpava as inconveniências de dona Eustaquia, mas ela ganhou um cão labrador de presente de uma amiga e em pouco tempo o simpático e festeiro Zizú era a alegria da vizinhança.

Dona Eustaquia implicou logo com o alegre e barulhento cão, mas os cães labradores não desistem das pessoas e Zizú passou a rodear a dona, cavou um buraco na base do muro e invadiu o quintal da zangada senhora, entrou correndo pela porta dos fundos e pulou em cima de dona Eustaquia.

A mulher empurrou o cão e saiu gritando por socorro e por mais que Laura pedisse desculpas e explicasse que labradores não atacam, só querem brincar e agradar, nada adiantava, porque a velhota não se acalmava; Laura prometeu que aquilo não ia acontecer novamente e com isso o assunto se resolveu.

Como Zizú nada prometera, no dia seguinte ele fez nova visita a zangada vizinha e essa luta continuou até que dona Estaquia se acostumou com aquelas visitas caninas e fez amizade com o cão, mas continuava uma pessoa difícil e seu único amigo passou a ser Zizú e os vizinhos nem acreditavam naquilo.

Todas as tardes o alegre animal passava pelo furo no muro e ia visitar dona Eustaquia, puxava a velha pelo vestido até ela se assentar no balanço da varanda, ele se deitava a seus pés e lá ficavam os dois olhando o por do sol, depois ele se despedia com uma babada lambida no rosto da dona e ela dizia: vai com São Francisco Zizú, ele toma conta dos bichinhos e ele voltava para casa.

Durante algum tempo essa cena se repetiu e dona Eustaquia foi se acalmando, deixou de fazer fofocas e passou a dizer alegres bons dias para a vizinhança, chamava as crianças vizinhas para verem as habilidades de Zizú e lhes dava docinhos e refrescos, em meio a boas risadas.

Com essas mudanças de comportamento a antes bruxa do pedaço, se tornou amiga e solidária vizinha; passou a ser convidada para as festinhas da vizinhança e como Laura participava de todas, ela ia junto segurando toda orgulhosa a guia do festivo Zizú e todos diziam: BENDITO ZIZÚ, O PACIFICADOR CANINO.

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}

Texto registrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 26/02/2009
Código do texto: T1459120
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