Por causa de um coração partido.
Festa rolando, som nas alturas, balada de universidade é assim mesmo, o Carlinhos já estava bêbado, pobrezinho nunca resistiu muito ao vício do álcool. Sales não saía do pé da Aninha, a paixão que ele sentia por ela era mais divertida que qualquer festa. Para o meu desânimo a única garota que eu me interessava havia me rejeitado, estava lá, toda feliz com o Elton; vendo aquilo eu fiquei logo nervoso, comecei a beber, mas como não era de ter vícios não consegui me embriagar completamente.
Final de festa, todo mundo arranjado, cada um com as suas e eu não havia conseguido nenhuma companhia, foi aí então que o Paulinho me apresentou aquela que seria minha companheira inseparável pelo resto da vida – que, diga-se de passagem, não muito longo- Foi fantástico, assim que ele me apresentou-a percebi que minha vida iria mudar. Na primeira vez que “ficamos” me transportei para outra dimensão, um lugar onde as rosas não tinham espinhos, onde as pessoas não tinham duas faces, um canto perfeito para se viver, para se morrer...
No outro dia acordei com uma enxaqueca imensa, uma vontade de bater a cabeça em tudo que pudesse ocasionar dor, mas logo essa sensação de loucura foi-se embora. Lembrando da noite passada, fiquei preocupado em como eu iria encontrar a minha paixão novamente, pedi o telefone, mas ela não tinha, não tinha e-mail, Orkut, nada dessas coisas modernas, lembro-me apenas que ela disse que trabalhava, e mais, trabalhava noite e dia e em qualquer lugar do mundo, bastava apenas chamar, querer, não entendi muito bem mas só a sensação de estar com ela me trazia a paciência necessária para compreender todos os mistérios humanos, me trazia até mesmo a sabedoria para desvendar os enigmas divinos.
À noite encontrei-a novamente, como ela mesmo disse bastava apenas chamá-la, querê-la. Desta vez percebi que ela não era uma simples pessoa, era superior, não era mortal. Naquela noite senti as mesmas sensações da noite que passara, ali nasceu minha paixão, proibida para uns mas perfeita para mim.Daquele dia em diante jurei que nunca mais iria deixá-la, afinal ela jamais me deixaria como aquela garota de antes que nem sequer quis começar uma história comigo, mas essa sim, me amava. Deixei ela tomar conta de mim, me possuir de corpo e mente.
Passados alguns meses o saldo deixado pela minha paixão não foi muito positivo, mas jamais deixei de amá-la; talvez por querer, ou simplesmente por não poder. No primeiro mês do nosso amor, perdi amizades, eram poucos os que aceitavam a nossa companhia, mas eu não ligava afinal já estava ao lado da minha paixão, os outros pouco me importavam. No segundo mês perdi meu emprego, muitas faltas, estava perdendo muito tempo com a minha amada, mas tudo isso já não me importava mais. No terceiro mês o que me deixou foi a força de me manter em pé, a saúde já não era a de outrora, estava magro, abatido por esse amor avassalador que me consumia e ao mesmo tempo me trazia uma liberdade infinda aos meus pensamentos.
Hoje, abaixo do chão percebo que a vida é perfeita, mas as nossas ações a estragam, nossa vontade em querer atingir sempre a perfeição nos faz esquecer que a mais perfeita obra já está feita: cada um de nós. O amor de outrora foi apenas um erro, uma luz forte que me cegou, uma paixão que de tão proibida causou-me a morte. “Morro” de saudades dela, aliás, se alguém por acaso a vir por aí diga a ela que não esqueci um só minuto dos nossos momentos, e que mesmo morto, desejaria cheirá-la, sentí-la nas minhas entranhas. Não é difícil de encontrá-la, em qualquer esquina pergunte por Srtª. Cocaína, irão te apresentá-la sem cerimônia, mas cuidado, não queira se juntar a mim e reescrever essa história.