LUA DE MEL
LUA DE MÉL
Nada mais romântico e agradável que uma Lua de Mel, melhor ainda se for em uma praia do litoral baiano cheia de coqueiros, acarajés e afins ou em qualquer lugar bonito, mas isso acontece no momento atual, porque os casamentos do passado eram bem diferentes; casamento realizado, o casal ia direto para suas casas e sem nenhum conhecimento as noivas eram atiradas em uma cama, por um marido tão despreparado quanto ela.
No dia seguinte a assustada esposa assumia suas funções de dona de casa, começava o dia preparando o café da manhã para seu amo e senhor e depois de colocar a casa em ordem era hora de preparar o almoço, arrumar a cozinha, colocar o lanche da tarde na mesa, arrumar a cozinha novamente e depois preparar o jantar e de novo arrumar a cozinha e enquanto isso o afortunado marido descansava e esperava a noite.
Isso era chamado de lua de mel, mas era um emprego domestico sem salário e a vida seguia nesse ritmo de escravidão disfarçada, onde esposas só tinham deveres e nenhum direito, porque o lado difícil do casamento era todo dela, roupa pra lavar, comida para preparar, casa para limpar e filhos para parir e o amo e senhor se julgando o maximo porque colocava comida em casa; lua de mel era privilegio deles e só deles.
As historias de lua de mel eram as mais divertidas, porque sem nenhum conhecimento da vida as coitadas das moças morriam de medo da tal noite de núpcias e os vexames eram garantidos, como o caso de Lucinha que depois do casamento se trancou no quarto e quando o marido conseguiu entrar, ela se escondeu debaixo da cama e foi retirada de lá a força pelo seu proprietário; já deitada ela foi escorregando para um lado da cama.
E tanto escorregou que acabou caindo da mesma, e o resultado do tombo foi péssimo, porque a despreparada noiva quebrou um braço e uma perna e a lua de mel foi adiada por um longo tempo para desespero do frustrado marido, que enraivecido queria anular o casamento e foi um trabalho enorme para as duas famílias evitarem esse desastre, que só terminou quando a serviçal domestica se curou e assumiu seu trabalho forçado de uma vida inteira.
Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}
Texto registrado no EDA