VIVA A LUZ GENTE...

VIVA A LUZ GENTE....

Na festeira Vila de São João foi um alivio quando os primeiros postes da rede elétrica foram colocados e os fios de cobre começaram a se esticar formando uma rede brilhante sobre o lugar, parecia que uma grande aranha estava tecendo sua teia sobre a vila e isso alegrava toda a comunidade, porque o dia da falada luz elétrica chegar, estava cada vez mais próximo.

Faziam planos para quando a luz chegasse, como se a energia elétrica tivesse o poder de solucionar todos os problemas existentes e viviam naquela ilusão de que tudo ia melhorar para todos os moradores daquele lugarzinho carente, mas deixando os sonhos de lado, a realidade era a de sempre: desemprego, pobreza e desanimo geral, porque sem dinheiro, sem animação.

E finalmente chegou o dia da esperada inauguração e toda a comunidade vestiu suas melhores roupas e foi para o escritório da jovem Companhia de Força e Luz de São João, a alegria era sem medidas e aumentou quando começaram a servir uma cerveja retirada de um barril com uma bomba, coisa nunca vista naquele pacato lugar e descobriram logo que aquilo era chope.

Atrás do chope vieram grandes pedaços de salsichão que também era novidade e a festa chegou ao auge quando o ilustre Prefeito pediu a palavra e falou emocionado sobre a grandeza daquele histórico momento, depois do senhor prefeito, outros oradores se fizeram ouvir, tudo isso intercalado com lindas peças musicais executadas pela Euterpe Sanjoanensse.

De repente rufaram os tambores e o senhor prefeito anunciou: apaguem os lampiões, que agora minha senhora dona Escolástica, vai ligar a chave e teremos pela primeira vez nessa Vila de São João o milagre da luz elétrica , a primeira dama fez pose e ligou a chave, mas não aconteceu nada, continuou tudo na maior escuridão e o povo deu uma estrondosa vaia.

Os eletricistas responsáveis pelo serviço correram de um lado para outro, mas a luz não acendeu de jeito nenhum e o que era para ser um fato histórico se transformou em um fiasco monumental e só muitos meses depois foi que a luz acendeu, mas dessa vez sem chope, salsichão, banda de música ou discursos, porque seguro morreu de velho e ainda assim morreu.

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}

Texto registrado no EDA