NO CANTO DA CAMA

Depois de muitas luas, verões, invernos, primaveras, outonos, parece que ela encontrou seu príncipe encantado. Tão novinha, treze anos, como já ansiava por um amor! Sim – ela queria um amor – sonhar, pegar na mão, trocar beijinhos como via nos belos filmes de Hollywood.

E o namoro começou. Namoravam no sofá de sua casa, como determinou seu pai. Não quero minha filha namorando ai pela rua. Em casa, sua mãe não dava descanso. Volta e meia passava para conferir o namoro e, às dez horas, o pai começava a fechar portas e janelas, fazendo um enorme barulho como se dissesse: – “Esta na hora”!! Ia me esquecendo, um pouco antes a mãe chegava com o cafezinho que, também, tinha um recado. Esse ritual durou cinco anos. Nunca brigavam; eternos amantes; todavia sempre aquele chove, não molha. No aniversário de dezessete anos ganhou um lindo anel de brilhantes para selar aquele compromisso. Os sonhos eram lindos! Os bailes da Primavera, do sábado da Aleluia, do Natal... Todos com longos vestidos, ao som de valsas e boleros.

Até que um dia ela andava tristonha. Havia no ar uma indefinição, uma incerteza... e ela, confessou para uma amiga: -“ Estou na dúvida, mesmo depois de tantos anos, não sei se, realmente ele é o homem que eu quero. A amiga, mais velha e despachada, falou: - “A melhor maneira de você conferir e a seguinte: fecha os olhos e ‘o’ coloque no cantinho de sua cama. Vê se gosta. Se não gostar, pode partir para outro. Se insistir vai dar tudo errado”. Ela ouviu a amiga. Quando abriu os olhos já sabia exatamente como resolver seu problema. No dia seguinte brigou com o namorado.

Maria Eneida
Enviado por Maria Eneida em 03/02/2009
Código do texto: T1419236
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