ELE ME DEU SUA VIDA

- “Meu Deus! Pra que morrer? Por que morrer”? Recostado na poltrona, bem em frente à grande janela, questionava o seu viver. Aquele corajoso maracujá galgara três andares e, agora, parou de subir. Encontrou a tela de sua janela e esparramou-se bem à vontade. Como estava bonito e cheio de vida! Vida!! Seus frutos sazonados, saborosos, mostravam o quanto havia de vida naquele pé de maracujá! – “Ah! Se eu pudesse encontrar esse vigor, esse viço! A verdade é que tenho lutado! Duas operações; uma nos Estados Unidos deu-me alguns anos de saúde. A outra, aqui mesmo, também adiou bastante esse meu sofrimento. Mas, agora, sinto que estou no fim! Não quero morrer ainda. Sou tão feliz! Minha esposa, companheira de luta, alegrias e tristezas, sempre ao meu lado. E ela, é tão bonita! Deu-me duas filhas lindas; estudiosas, carinhosas... e a netinha, nem se fala! Como amo essa minha família e lutei para que fossemos felizes”.

- “Meu Deus! Não quero morrer agora! Você, esta sentindo, meu pé de maracujá, o meu sofrimento e a minha angústia? Dá-me um pouco de sua vida, de sua saúde”?! E os dias passavam, e ele cada vez pior. Até que aconteceu o que todos temiam. Seu coração pifou de vez. Porém a família, unida e amiga, num grande sufoco, conseguiu um coração jovem, cheio de saúde, para um transplante. Foi tudo muito sofrido e corrido, mas ele estava salvo!

Na volta para casa, lembrou-se do seu amigo, o pé de maracujá, que tanto o afrontava com sua beleza e saúde. Agora, pensou, ele não mais ouvirá minhas lamúrias e sofrimentos. Vou dizer-lhe: - “Está vendo, tenho vida e saúde como você”! Todavia, assim que entraram na sala, assustou-se. – “Cadê o pé de maracujá”? Na janela, só folhas murchas, frutos podres, galhos secos – sem Vida.

Para o Sadi e Celi com muito carinho.