CASAMENTO DE PRÍNCIPE COM PRINCESA - UMA HISTÓRIA DA CAROCHINHA -

Ele era neto da vovó Nenê. Nascera numa bela fazenda, mas para estudar, foi morar na cidade com os avôs. Era um neto exemplar, muito carinhoso, não despregava da vovó. Acontece que Deus precisou da vovó, lá no céu. O neto foi que mais chorou. Não se conformava... Mas o mundo dá muitas voltas; o neto cresceu, namorou e... convidou-me para seu casamento. Uma ‘fanzedona’ antiga, cercada por sacadas de madeira, rodeada de toldos, espaços enormes para mesas e cadeiras. Uma passarela vermelha ia da entrada da casa até o altar, no jardim, onde seria a cerimônia religiosa. Vimos o desfile dos muitos padrinhos, a mãe do noivo, de braços dados, sorridentes ao som de uma bem escolhida música. Depois... um espaço de muita expectativa. A chegada da noiva. Ela, alta, magra, perfeita na escolha do vestido, trazia na cabeça uma guirlanda em pedras brancas que, com o véu, enfeitavam seu rosto. Este foi o momento mais emocionante; a noiva contando os passos, muitíssima emocionada, desceu a passarela atrás da daminha de honra – um doce de côco – e... foi nesse momento que eu vi... Cortando o céu, numa noite de lua cheia, bem clara, uma linda carruagem puxada por anjos trazendo vovô Totó, vovó Nenê, e o nosso querido Tio Quintinho, o pai do noivo (Todos na morada de Deus.). Pararam bem perto de mim e pude entrevistá-los. – Mas, como?!! Como conseguiram permissão para vir ao casamento? Respondeu vovô Totó, como sempre, mais falante e gozador: - “Não podia perder esta festa, uma reunião de família tão grande. Deus entendeu. Também não podia negar nada a um cidadão cumpridor fiel de seus preceitos que aumentou com galhardia, a população do planeta terra”. D. Nenê, sorrindo, falou: - “O Américo foi sempre um neto muito querido. Foi um companheiro na minha velhice. E quando Deus me chamou foi o que mais chorou. Isto me comoveu muito; por isso estou aqui. Queria, também, ver minha linda família reunida. Esta família continua unida, conservando os belos princípios e valores que lhes ensinei”. Tio Quintinho, bastante emocionado, conseguiu dizer: - “Não podia perder o casamento do meu caçula. Eu, também, consegui passaporte por toda alegria que derramei na família”. Tudo isso aconteceu em segundos. Todos puderam ver a emoção no rosto da noiva quando Américo caminhou para recebê-la. Seus olhos brilharam, encheram-se de lágrimas. Todos - até os da carruagem – sentiram a força e a beleza do momento. Todavia... de repente, desapareceram deixando no céu um rastro luminoso. No entanto, acredito que de alguma forma ficaram entre nós, enquanto a marcha - nupcial anunciava o início da cerimônia.

Depois, nem falo, a festa continuou até o amanhecer. Muita música, muita lua, muitas comidas gostosas e, os doces? Estavam uma delicia. Houve dança ate o sol raiar. Enrolei num guardanapo uns docinhos de cada sabor para oferecer aos que não puderam ir. Aconteceu que, ao passar na ponte, escorreguei e lá se foram os docinhos água abaixo. Prometo que no próximo terei mais cuidado.

N.B. - Este casamento contou com a presença do nosso jovem governador (primo do noivo) que, embalado pela música, aos raios do luar, dançou encantado, nos braços da amada.

Maria Eneida
Enviado por Maria Eneida em 02/02/2009
Código do texto: T1418723
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