Amores de outono
*
Era outono. O chão estava forrado de folhas fininhas e secas do grande e imponente pinheiro logo à entrada de minha casa. O céu, encoberto por nuvens escuras, mais escuras do que o normal. E a lua, que eu esperava ver, especialmente naquela noite, simplesmente não apareceu... A iluminação era pouca. As luzes opacas que vinham dos postes altos não eram suficientes para iluminar toda a rua. Eu estava muito nervosa... E havia um vento insistente que me fazia ficar sem saber se segurava os meus cabelos, a minha saia, ou os livros que trazia em uma das mãos...
Eu estava nervosa, já disse... Era a primeira vez que nos encontrávamos assim, sozinhos... E, para piorar, ele segurou a minha mão... Rapidamente, eu me soltei, precisava segurar a saia que a esta altura estava prestes a vir parar em minha cabeça. Os livros caíram. Ele riu do meu jeito tímido e desajeitado. E o seu sorriso, o mais deslumbrante que eu já vira em toda minha vida, deixou-me mais acanhada ainda...
Ele passou a ponta dos dedos nos meus braços. Eu me arrepiei. Ele sorriu, malicioso... Eu baixei os olhos... Ele levou suas mãos até o meu rosto, acariciou-me levemente, e segurou meu queixo tão delicadamente que eu cheguei a me sentir uma peça de porcelana sendo avaliada por um especialista...
Ele chegou mais perto... Seus olhos azuis me faziam perder a respiração... E o seu perfume, cada vez mais próximo, deixava-me sem forças... Seus lábios, agora, estavam quase se encostando aos meus... Ele acariciou novamente meus braços, e o arrepio tomou conta do meu corpo inteiro...
Senti uma moleza, uma dormência, como se a qualquer momento eu fosse desmaiar...
E ele chegou mais perto, mais perto... Segurou-me firme pelos braços...
Pediu que eu fechasse os olhos...
E, deslizando sua respiração quente pelo meu rosto, chegou aos meus lábios e disse-me, quase sussurrando... "Ainda não é hora"...
E se foi.
Desde então, eu passei a odiar homens de gravata borboleta...
*
(Adriana Luz)
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Era outono. O chão estava forrado de folhas fininhas e secas do grande e imponente pinheiro logo à entrada de minha casa. O céu, encoberto por nuvens escuras, mais escuras do que o normal. E a lua, que eu esperava ver, especialmente naquela noite, simplesmente não apareceu... A iluminação era pouca. As luzes opacas que vinham dos postes altos não eram suficientes para iluminar toda a rua. Eu estava muito nervosa... E havia um vento insistente que me fazia ficar sem saber se segurava os meus cabelos, a minha saia, ou os livros que trazia em uma das mãos...
Eu estava nervosa, já disse... Era a primeira vez que nos encontrávamos assim, sozinhos... E, para piorar, ele segurou a minha mão... Rapidamente, eu me soltei, precisava segurar a saia que a esta altura estava prestes a vir parar em minha cabeça. Os livros caíram. Ele riu do meu jeito tímido e desajeitado. E o seu sorriso, o mais deslumbrante que eu já vira em toda minha vida, deixou-me mais acanhada ainda...
Ele passou a ponta dos dedos nos meus braços. Eu me arrepiei. Ele sorriu, malicioso... Eu baixei os olhos... Ele levou suas mãos até o meu rosto, acariciou-me levemente, e segurou meu queixo tão delicadamente que eu cheguei a me sentir uma peça de porcelana sendo avaliada por um especialista...
Ele chegou mais perto... Seus olhos azuis me faziam perder a respiração... E o seu perfume, cada vez mais próximo, deixava-me sem forças... Seus lábios, agora, estavam quase se encostando aos meus... Ele acariciou novamente meus braços, e o arrepio tomou conta do meu corpo inteiro...
Senti uma moleza, uma dormência, como se a qualquer momento eu fosse desmaiar...
E ele chegou mais perto, mais perto... Segurou-me firme pelos braços...
Pediu que eu fechasse os olhos...
E, deslizando sua respiração quente pelo meu rosto, chegou aos meus lábios e disse-me, quase sussurrando... "Ainda não é hora"...
E se foi.
Desde então, eu passei a odiar homens de gravata borboleta...
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(Adriana Luz)
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