***Alem do véu***X
*O discurso*
No dia seguinte terminamos a arrumação da nossa simples casa, muitos vizinhos vieram nos conhecer, como também um dos shiar, para garantir se sabíamos de como as coisas funcionava ali, e para receber sua parte do imposto. Sim, tínhamos de pagar impostos.
Ainda naquele dia houve um discurso no centro do vilarejo, onde fomos convocados a participar. Não me lembro do discurso inteiro, hoje apenas fragmento me vem à memória,
O orador dizia como aquelas pessoas tinham sorte de estarem ali, de serem protegido por eles da corrupção dos regentes, ou daquele novo regente chamado Abner, que todas as regras eram necessárias para se manter a ordem e disciplina e etc., mas ao olhar em minha volta, não vi ordem alguma, o que vi foi crianças flageladas, mulheres raquíticas totalmente cobertas apesar do calor, não podíamos ir embora antes que o discurso acabasse, então fiquei ali com a mente a vagar, por vezes me perguntando o que fazia ali, então eu olhava para o lado e via Amir e meu coração se enchia de calor, não aquele calor insuportável do clima, mas um calor suave, gratificante, e naquele momento, minhas perguntas não faziam sentido algum.
Amir pegou em meus braços e disse:
---Vamos, já acabou cabecinha de vento, aposto que não prestou atenção em nada do que foi falado.
---Prestei o suficiente para perceber que tudo não passa de mentiras para enganar as pessoas, como se estas fossem acreditar em tantas asneiras.
Amir olhou para os lados temendo que alguém pudesse ouvir o que eu falava.
---Psss! Não diga essas coisas aqui, agora vou lhe dizer uma coisa que você deveria ter ouvido, esse shiar odeia o Abner, ou seja, ele não pode nem sonhar que eu sou o neto dele, entendeu?
---Estamos metidos até o pescoço, não é? Não pude evitar um sorriso.
Já em casa, Amir me pegou nos braços e disse:
---Não sei como consegue sorrir, numa situação dessas.
---Simples, não tenho mais lágrimas.
---Amanhã vou a um outro vilarejo trabalhar, você vai ficar bem, não vai?
---Claro, contanto que construa um banheiro hoje. Falei com um sorriso matreiro.