***Alem do Véu***VIII

*Discussões*

Minha cabeça parecia explodir, passeia as mãos pela testa, na vã tentativa de fazê-la parar de doer. Amir falava comigo, ou melhor, brigava comigo.

---Pare de falar! Gritei. -- Pelo amor de Breed, dá pra você parar?!

---Não mencione esse nome!!!

A voz alterada de Amir, fez parar meus passos que iam de um lado para outro.

---O... o que? Perguntei um tanto assustada com aquela reação, olhei para ele, nunca o vira tão nervoso.

---Breed, não é considerada uma deusa neste país, muito pelo contrário, portanto seria mais prudente não menciona-la.

---Estava tão exasperada que não consegui dizer nada, porém minha raiva deve ter transparecido em meu olhar, pois ele respirou fundo, e um tanto mais calmo falou:

---Você tem que tomar mais cuidado Hainan, precisa ser mais prudente, não ficar agindo por impulso.

---Agindo por impulso?? Você chama agir por impulso salvar uma vida, uma não, duas, duas vidas Amir.

---E por salvar essas vidas você quase perdeu a sua!

---E o que queria que eu fizesse heim? O que você faria? curandeiro. Minha voz era puro sarcasmo.

---Essas são as regras daqui, e se quer sobreviver, tem de cumpri-las. Sua voz soou fria como o aço; virou as costas e saiu de casa, mas pude vê-lo passar as mãos pelos cabelos antes de sair à rua, um gesto típico seu, de preocupação.

Ainda estava tremula, e muito irritada com Amir, embora soubesse que naquele momento ele estava tentando resolver o problema no qual eu havia me metido.

Povo mais ignorante! Disse jogando o objeto mais próximo de mim no chão, e saber que tal atitude em público ou mesmo perante a família já era motivo para ser punida com algumas chibatadas, aplicadas pelo próprio mestre da família, ou por anciões que tinham a função de corrigir o povo, detalhe as tais correções eram feitas em público.

Sentei-me para me acalmar e refletir, se não fosse por Amir, poderia estar morta agora, ao fazer o parto daquela mulher, infligi à lei daquele lugar, a lei que proíbe as mulheres de terem ajuda durante o parto, e para piorar a situação viram a criança com minhas ervas e poções, e logo me acusaram de bruxaria, um ato cuja penalidade é a morte; Quando nenhum dos anciões estão presentes, como foi o caso, cabe ao próprio povo fazer a justiça, e se não o fizer, podem ser acusados de cumplicidade.

Para minha sorte Amir chegou bem na hora, e não sei como, conseguiu detê-los, lembro-me de ter sido jogada ao chão, e em seguida ouvir os gritos desesperados de Amir, que conseguiu abrir passagem até mim e me tirar dali.

Quando Amir voltou, estava mais calma e até um tanto arrependida por ter gritado com ele, no entanto, tal situação me exasperava, não conseguia me conformar, uma mulher ter de dá a luz sozinha, sem ajuda, sem nada!? Aquilo não me entrava a cabeça.

Estava deitada, quando ele entrou no quarto.

---Fui falar com os anciões, para ver se revogavam a pena.

Não disse nada temendo o que pudesse ouvir.

---Eles revogaram, com uma condição, que saiamos daqui, temos três dias para mudarmos, e foi muita sorte, é que um dos anciões que estava presente é pacifista.

---Ah! Sim... nossa! Não pude evitar o sarcasmo, virei para o outro lado e fingi dormir.

Não demonstrei estar acordada, nem mesmo quando algum tempo depois, Amir afagou meus cabelos e beijou-me a testa.

sutini
Enviado por sutini em 24/01/2009
Reeditado em 28/04/2009
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