João D'Ouro - Conto "De onde vim." parte1

A pequena Santa Joana das Colinas, é uma cidade muito, mas muito pequena mesmo. Tinha apenas uma venda, um boticário, um barbeiro e claro, a linda igrejinha de Santa Joana. Não carecia de mais nada.

É por aqui que começo a contar a história da minha vida. Meu nome? Prefiro que me chamem apenas por João, vocês vão entender o porque e até lá, quem sabe, vocês descobrem meu nome completo.

Esta história que vou contar, contarei da mesma forma que me contaram pois eu não a vivi, apenas ouvi.

Era festa de Santa Joana, nada de especial, apenas novena, leilão de animais, bingo e comida muita comida típica da região.

Mariana era moça linda, inocente e tímida, estava debutando em sua primeira festa. O pai, Sr. Neves, era homem forte, víuvo, sábio e de curtas palavras, temia por permitir que sua caçula desfilasse à toa na festa, exigiu dos filhos Robério e Raul máxima cautela e vigilância, o que os aborreciam muito e deixava a doce Mariana mais envergonhada ainda. O que ela teria feito de tão errado para estar sendo vigiada por dois homens carrancudos e de pouca simpatia? Era a pergunta que ecoava não somente nos pensamentos da pobre Mariana e sim de todos que a viam pela primeira vez.

E foi pela primeira vez que Gustavo, moço bem apanhado, filho do prefeito deitava seus olhos de caçador em sua presa, não indefesa. Apenas teria um pouco mais de trabalho para atravessar as barreiras. Por tanta beleza valia até sangrar, era seu pensamento sem escrúpulos latejando naquele instante.

Num canto Gustavo traçava planos, pelo seu olhar, eram malignos. No canto oposto gravando cada movimento do rapaz, com chapéu de aba baixa cobrindo os olhos, botas brilhantes de festa, mãos repousando no cinturão dourado, encontrava-se o melhor peão de boiadeiro do Estado, Antonio da Cruz mas todos o conheciam como Toninho do laço.

Neste cenário nasce a mais profunda guerra entre o amor e o ódio, o bem e o mal, nasce a minha vida.