Sim

- Mas o que importa mesmo é o sim - disse Cal- No final ela sempre voltará ao sim.

Sylvia Plath

Sim

Veemente e uníssono.

O sim que a despiu de seus pudores e a vestiu de desejos, que a fez o amar tão profunda e sinceramente que, ela estava ali em sua frente, disposta a se entregar pela primeira vez ao homem que queria acreditar que amava, que queria acreditar tão profunda e sinceramente que a amava e que, após esse momento único, depois desse sim, a amasse mais ou a amasse de verdade.

Ele apenas a beijou, enquanto a abraçava, talvez sem saber com o que fazer com aquele corpo que se entregava tão desesperadamente que não havia medo algum naqueles movimentos em direção ao seu corpo.Ela sentia todos os medos do mundo pulsando dentro dela como se os medos a houvessem desvirginado, e não ele, e o seu corpo recuava de encontro ao corpo suado e estranho dele, aquele corpo que ela sabia que não amava e que não iria conseguir amar depois dessa noite, corpo que iria a ferir.

-Vai doer?

-Só se você quiser.Mas é só esquecer que pode doer, tenta entrar no clima e confiar em mim.

-E se eu não confiar?

-É porque você não me ama. Se me amar, vai confiar e não vai doer.

Então ela tentou fechar os olhos e imaginar que confiava nele, que ele era o grande amor da sua vida e todas essas coisas clichês que meninas da sua idade pensavam enquanto ela era absorvida pelos livros de poesia simbolista e beat, onde não encontrava razão para acreditar que o amor era algo no que poderia confiar.Os joelhos dele tocaram os dela, tentando abrir suas pernas para que ele pudesse, enfim, fazer o que devia ser feito. Ela o sentia entrar em seu corpo como um objeto estranho e quente enquanto ela era um recepiente frio,e, aquela dor insuportável inundou o seu corpo como se ele estivesse lhe retalhando por dentro, e talvez se fosse outro, pensava, se fosse algum outro em que pudesse fechar os olhos e imaginar que confiava e que amava, talvez a dor não existiria, talvez aquele sangue não escorreria, talvez aquele nojo não a invadiria e ela não vomitaria sobre ele.

Ela teria desejado jamais ter dito um sim.

Katrina L
Enviado por Katrina L em 03/01/2009
Código do texto: T1365342
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