ENXAQUECA MIMADA
Ao completar 7 anos de vida, no dia de meu aniversário,
um presente inusitado e cruel. Aguardava ansiosa a chegada dos
parentes sentada na soleira da porta de entrada de nossa casa.
De repente, umas luzinhas de forma geométrica embaçaram minha
visão. Comecei a enxergar tudo pela metade, as luzes iam cada vez
mais crescendo, até ficarem enormemente intrigantes. Assim que os
convidados apareceram na esquina resolvi nada dizer à minha mãe,
ela se preocupava demais comigo. As luzes começaram a diminuir de
intensidade, isso durou uns 50 minutos. Tudo bem pensei, deve sido
emoção; só que uma dor de cabeça fortíssima, suor frio, náusea iam
me deixando mole e pálida. Tentei disfarçar, para não comprometer
minha festinha, porém uma crise de vomito, me denúnciou.
O Médico da família foi chamado e o primeiro diagnóstico;se
tratava de enxaqueca. Uma verdadeira maratona de exames, remédios
e mais remédios, benzedeira, promessa para todos os santos, e nada
de cura. A danada chegava nos momentos mais inoportunos.
Anunciada a crise, eu corria para a cama, cerrava as cortinas,
derrubada por 3 dias. Não suportava luz, nem ruido,ficava dando asas
para ela acabar comigo;isso dura 55 anos. Só que mudei meu jeito de
lidar com ela. Um dia, quando as luzinhas apareceram, eu não fechei
meus olhos, como sempre fazia, não corri para o quarto, e disse para
ela. Quer ficar fica, só que eu não vou te curtir, não vou mimar voçê
não vou deitar, nem escurecer o quarto, e sabe mais, comprimido nem
pensar. Parece coisa de doida, mais funcionou, pois ela insiste em me
atormentar, como não a mimo mais, vai embora sem eu nem perceber.
Me tirar do sério e me levar pra cama por 3 dias, enxaqueca
mimada, nunca mais. Cai fora Teodora.
SANTOMÈ