A LADEIRA DO ESPEVITADO

A ladeira era íngreme e as águas das chuvas tinham castigado, sobremaneira, a encosta. Dava para vislumbrar parte do igarapé correndo para a esquerda. Um menino de cabelo de milho, espevitado e carregando uma panela vazia, se pendurava com apenas uma das mãos em um cipó a beira do caminho. O pai vinha atrás puxando um cavalo pelas rédeas, despreocupadamente quando, de repente, o lourinho despencou ladeira abaixo. Quando o pai apontou na cabeça da ladeira a criança já tinha chegado à beira d´água. Nada de mais grave, aparentemente, tinha acontecido; só um choro incontido e algumas escoriações. A panela ficou suspensa pela alça num galho seco. Daquele dia em diante o lugar ficou conhecido como “a ladeira do espevitado”.

Enzo Carlo Barrocco
Enviado por Enzo Carlo Barrocco em 23/12/2008
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