Tribunalma

Severamente, o juiz o olhava. Para evitar a colisão, desviou a vista.

Sentiu um calafrio percorrer a espinha e o suor desaguar, indiscretamente, na cueca.

Todo aquele paramento judiciário, a voz grave, o ambiente austero, o oprimia.

De imediato, o magistrado deu início ao interrogatório.

- Senhor Juliano, jura dizer a verdade, apenas a verdade?

- Juro, disse num balbucio.

- Onde estava o senhor, quando ocorreu o roubo das pedras preciosas?

- Em casa, senhor juiz.

- O senhor tem como provar isso?

- Apenas a minha palavra empenhada.

- Isto não é suficiente

Ficou ruborizado. As mãos tamborilavam , freneticamente, na cadeira.

Lembrou-se do personagem Pinóquio e de seu nariz. Naturalmente, de alguns políticos conhecidos...

- Senhor Juliano, disse o meretíssimo, temos na sala um detector de mentiras.

- Mas, eu não menti, senhor juiz.

- Veremos.

E o magistrado foi buscar a engenhoca, habilmente escondida em uma mesa ao seu lado. Colocou-a próxima a Juliano e disse:

- Observe, então, senhor Juliano...

Nisso, acordou do pesadelo. Respirou aliviado.

Precisava ver menos filmes de ação à noite, pois senão viveria em constante pavor.

Apalpou seu nariz. O tamanho permanecia normal.