Nada deixa de ser belo
A noite caía lentamente e a chuva se anunciava. No céu acinzentado as nuvens moviam-se vagarosas. Eu mais uma vez aqui estou. Fugindo da minha realidade, uma vez que a ficção me apresentou um mundo incrível, um caminho sem volta.
As primeiras gotas de chuva lentamente começam a cair, e eu olho para a janela perdendo o meu olhar. Mas o perco de uma forma tão bela que de nada reclamo, apenas contemplo a beleza da ocasião. As gotas da chuva molham as plantas renovando a vida, as mesmas gotas que quando em abundância derrubam as rosas, que inspiram o poeta.
As flores que ontem esbanjavam beleza, hoje estão caídas ao chão. Aquelas que ontem encheram os olhos, hoje passam despercebidas, a não ser por aqueles que encontram nelas a inspiração para escrever.
É como o ciclo da vida que se completa, e não poderia completar-se de maneira mais bela. A prova de que tudo que é belo, tangível ou não, é finito. Nada é eterno. Muitos são os que buscam a eternidade, esses, porém não sabem que a beleza não está no começo mais sim no fim.
A beleza está em ver que mesmo depois de ter acabado, nada deixa de ser belo. Pelo contrário, talvez seja ainda mais valorizado. No inverno se sente a ausência das flores, que nem sempre são notadas na primavera quando fazem sua festa e harmonia de cores. O mesmo acontece com o amor. Se nunca um grande amor tivesse sido perdido, aonde estaria a graça de amar? Afinal está na ausência a beleza de toda e qualquer existência.
Por isso deve-se cuidar das pessoas, enquanto elas ainda lhe pertencem, ou enquanto você ainda pertence a elas. Pois quando chegar a hora em que completarem o seu ciclo, nada mais restará a fazer, a não ser lamentar-se e chorar por elas.