Peregrina de Sonhos

A noite era bela, e eu estava sentada em uma grande pedra a beira mar. Deitei-me, naquela noite o meu coração batia indomado, descontrolado, enamorado. Abri meu livro e comecei a ler ao passo que ouvia as ondas que batiam nas pedras. Com olhar longínquo contemplei o horizonte, as águas, o ir e vir do mar.

A brisa acariciava minha pele, a paisagem enchia-me os olhos e o som da vida que emanava do mar envolvia os meus pensamentos. Pensava em tudo, não pensava em nada. Tamanha era a beleza que suplantava tudo o que se punha a sua frente

Olhei as palavras que lado a lado formavam frases, e estas formavam uma história. Uma história que nunca se repete, pensei. Esta, já foi lida por tantos, porém para cada um transmitiu um significado diferente. Cada um que a leu, a leu em um momento de sua vida em que ela quis disser-lhe algo específico que não foi dito a nenhuma outra pessoa. Eis a beleza de um livro. Leia-o quantas vezes quiser, e para cada vez que o ler terá uma visão diferente dele e ele uma visão diferente de você.

Como o mar que nunca é o mesmo, são os livros. Como uma pessoa que nunca é a mesma, são os seus sentimentos. Tudo se renova, se aprimora. Penso que o meu único desejo é ser livre para voar, e voando talvez um dia eu possa me encontrar. Talvez nunca vá ser livre, talvez nunca alguém tenha sido! O consolo é poder voar, por meio das palavras que sustentam os sonhos e dos sonhos que são o suplício da realidade.

Aos poucos surgiram nuvens que encobriram a beleza do céu, aos poucos caíram gotas que apagaram a chama do amor. Pensei em todos os olhares que contemplavam a lua naquele instante e em seu significado para cada um. Uma em um milhão, apenas um sonho a mais. Lembrei-me que certa vez me disseram que a lua realiza desejos, fiz um pedido.

Saí andando, procurando o caminho que me levaria novamente para casa. Pessoas, carros, desejos, sonhos. Caminho. Tudo sob o cuidado do luar e sob os olhos da cidade, impiedosa, sádica. Voltei para casa, para a realidade da qual quero fugir e da qual, todos os dias fujo e não consigo afastar-me. Hei de conseguir, e nesse dia então entenderás o motivo que me leva a ser, peregrina de sonhos.

Sah
Enviado por Sah em 18/12/2008
Código do texto: T1342775
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