mulher não esquece

Se uma máquina capaz de fazer voltar o tempo de fato fosse criada e eu tivesse direito de acessá-la, escolheria voltar do dia do nosso divórcio pra trás. Mas seria extremamente meticulosa pra simplesmente não voltar o tempo sem passar por todas as fazes do nosso casamento. Começaria da nossa última briga e passaria sucessivamente por todas elas, para finalmente concluir que na ânsia de sermos maduros, jamais passamos de duas crianças.

Talvez demorasse um pouco mais no momento em que voltasse pra nossa melhor fase juntos pra concluir que também nela, na ânsia de sermos felizes, jamais passamos de duas crianças.

Voltar pra nossa lua de mel seria um capítulo a parte onde prestaria a máxima atenção para concluir que na ânsia de nos completarmos no gozo de todos os prazeres, ver que também neste momento não passamos de duas crianças que se fantasiaram de serem super heróis.

Voltaria pra o dia em que nos conhecemos e neste momento me demoraria mais. Sendo detalhista ao máximo pra permitir que tudo acontecesse conforme aconteceu. Apenas com o cuidado de mudar um detalhe. Exatamente aquele quando você insistiu pra que eu lhe desse o meu telefone. Nesta hora assumindo a menina muleca que eu era, fazer-lhe uma molecagem. Ao invés de lhe dar o meu número, daria o telefone da Rita minha melhor amiga, justamente aquela com quem você está agora.

Numa brincadeira de criança quantos aborrecimentos nós teríamos evitado. E o melhor de tudo. Neste réveillon enquanto a Rita dormisse no sofá depois de um porre de vinho, nós rolaríamos na cama rindo da cara dela.

Um dia esta máquina de voltar o tempo será inventada, basta que uma mulher ocupe menos o seu tempo pensando em vingança e mais, muito mais em desenvolver a tal máquina.

Paulinho Boa Pessoa
Enviado por Paulinho Boa Pessoa em 18/12/2008
Reeditado em 04/01/2009
Código do texto: T1342537