Uma Vaca no Pioledo
Sou a bela vaca serrana. Moro num palheiro de telha-vã numa aldeia do Alvão de seu nome Pioledo. Tem graça porque ouvi dizer aos viandantes que era apelido de cafetaria importante da Vila. Apesar de ser vaca também eu um dia bebi café. Coisa estranhuda mas real e foi remédio que me deu ânimo de me salvar a vida.
Estava um taró de meter bicho e nevava que Deus a dava. Mas não era neve mansa. Parecia bufada do céu pelo Diabo em pessoa de tal se entranhava no pêlo e doía nos ossos. Fiquei umas horas no pasto onde o tojo havia amanhecido amarelo. Já tudo era um mar de pura brancura rasa quando meu amo me veio resgatar da tormenta.
O verme daninho havia entrado pelo nariz e durante uma semana desenvolvera-se nos bofes deixando-me languinhenta e de olhos avelados.
Um dia recusei o penso de silagem, e o homem ouviu um roncadoiro de agonia no meu peito. Tinha os tetos tão rijos como os meus cornos em lira. Assustado chamou o doutor mas por facécia do destino chegou à palhota uma doutora menina. Pisou com seus sapatinhos de Domingo o estrume da minha cama. Andou por mim às voltas batucando com os nós dos dedos nos costados e parecendo ouvir com um estranho instrumento os desígnios do meu interior. Foi-se-me às cordoveias e picou-me como moscas varejeiras furibundas. Não tugi nem mugi. No final engoli uma triaga castanha escura que ouvi dizer ser o tal café. Parecia milagre do santo céu. Ao outro dia estava a pé. O povo que fizera uma chuchadeira por causa do despropósito dos pezinhos da senhora agora calavam-se bem caladinhos.
Passado uma semana ela voltou para me ver. Foi recebida com zumbaias e salamaleques. Deram-lhe a beber do verdasco e a comer da boa carne do fumeiro. Ficaram um bom bocado num lesco-lesco difícil de entender para uma simples vaca de trabalho. Mas uma coisa era certa: eu estava curada!
Sou a bela vaca serrana. Moro num palheiro de telha-vã numa aldeia do Alvão de seu nome Pioledo. Tem graça porque ouvi dizer aos viandantes que era apelido de cafetaria importante da Vila. Apesar de ser vaca também eu um dia bebi café. Coisa estranhuda mas real e foi remédio que me deu ânimo de me salvar a vida.
Estava um taró de meter bicho e nevava que Deus a dava. Mas não era neve mansa. Parecia bufada do céu pelo Diabo em pessoa de tal se entranhava no pêlo e doía nos ossos. Fiquei umas horas no pasto onde o tojo havia amanhecido amarelo. Já tudo era um mar de pura brancura rasa quando meu amo me veio resgatar da tormenta.
O verme daninho havia entrado pelo nariz e durante uma semana desenvolvera-se nos bofes deixando-me languinhenta e de olhos avelados.
Um dia recusei o penso de silagem, e o homem ouviu um roncadoiro de agonia no meu peito. Tinha os tetos tão rijos como os meus cornos em lira. Assustado chamou o doutor mas por facécia do destino chegou à palhota uma doutora menina. Pisou com seus sapatinhos de Domingo o estrume da minha cama. Andou por mim às voltas batucando com os nós dos dedos nos costados e parecendo ouvir com um estranho instrumento os desígnios do meu interior. Foi-se-me às cordoveias e picou-me como moscas varejeiras furibundas. Não tugi nem mugi. No final engoli uma triaga castanha escura que ouvi dizer ser o tal café. Parecia milagre do santo céu. Ao outro dia estava a pé. O povo que fizera uma chuchadeira por causa do despropósito dos pezinhos da senhora agora calavam-se bem caladinhos.
Passado uma semana ela voltou para me ver. Foi recebida com zumbaias e salamaleques. Deram-lhe a beber do verdasco e a comer da boa carne do fumeiro. Ficaram um bom bocado num lesco-lesco difícil de entender para uma simples vaca de trabalho. Mas uma coisa era certa: eu estava curada!