A LIÇÃO DA FLOR

Vivia leve e fagueira

a jovem flor em botão

a dançar na brisa ligeira

vida lúdica e emoção

Tão imbuida em sonho

flertava com o sol a miúda

trançava suas folhas na relva

brindava com gotas de chuva

Mal sabia a doce muda

que a vida é traicoeira

e de uma brisa amena

nasce ventania rasteira

E água branda de então

que era de gotas singelas

transforma-se em vagalhão

arrasa tudo a procela

E ali está, moribunda

arqueada sobre relva dobrada

abrutalhada e confusa

indecente despetalada

Mas a natureza é sábia

e tece no frágil sua força

que mesmo em lamacenta poça

não está morta a flor

Pois seu corpo ora frágil

em verdade se faz ágil

não quebrou ao vento vil

mas arqueou e se fez lânguida

E quando o sol voltou vistoso

e a água celeste fugiu demente

caprichosa ergue-se a pequena

e se faz, outra vez, imponente

Dobrou-se ao vento bravo

deixou que bradasse seu uivo

que a tormenta achincalhasse seu talo

com chicotes molhados e doridos

Maleável, deu de ombros a tudo

como deve ser diante da lida

qualquer um que queira vencer

as tempestades da vida.

Ita poeta
Enviado por Ita poeta em 13/12/2008
Código do texto: T1333964
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