A rua ensinando o risco, o perigo
Foi na feira roubar fruta, ele mais um truta. Era pequeno, não tinha nem dez anos. Foi pego com a mão na massa. Não era fome o que ele tinha, mas também nunca tinha maçã em casa. Nunca faltou pão à mesa, tapa na boca e reza à noite, mas era só: o básico. Nunca lhe faltou boa lição, carinho por parte dos pais, exemplo, retidão era o caminho.
Mas a rua lhe ensinara diverso, até o inverso e não foi perverso o furto, foi certa falta de opção. Não era diversão, era vida. O susto, o risco fazia parte. É certo, levou uma coça, tapa da cara do polícia. Aprendeu na prática, bem cedo, certo enredo: estratificação, limites, preço, medo, esperas infindas e sabores caros, distintos, cada qual com sua etiqueta.
Caminhos estreitos e escolhas poucas a serem feitas à frente.
Foi cedo, mas foi na hora certa. Parou ali, foi decisiva aquela porrada literal. Quem rouba pouco não tera salvação foi o toque. Essa foi a lição implícita aprendida e para bom entendedor basta.