Avenidas de sangue

Os dias nublados permanecem inertes, a visão embaçada e os dedos formigando deste mendigo manifestam a dor frustrante, cada suspiro, cada batimento cardíaco, desvanecem lentamente.

Suas paredes obscuras e grilhões enferrujados retratam as centenas de anos perdido na própria mente, seu Averno pessoal.

Banhado em camuflagens, perdido pelo sistema carcerário e sufocado pelas próprias mãos gélidas, o ar puro não mais pode alimentar suas células, o sangue esvaecendo de seus pulsos cessou.

Lagrimas de um arrependimento forçado, maquiagem frigida e imutável, a sensibilidade que jamais retornara.

Sentado sobre um sofá queimado pelas próprias azas, usando sua ultima grama de pó, jaz no apocalipse espiritual de seus pesadelos, dilacerado e mortificado, onde os vivos não tem acesso. Trava suas batalhas contra o antigo reflexo, seu carrasco chamado “self”.

Debaixo de cobertores em dias de verão, sufocando ate chegar ao nirvana, tendo a “cannabis” de parceira pode agora viajar sem fim de chegada, tentando apagar algo marcado em sua pele, velhos fantasmas que perturbam seu alvorecer.

A cada nova manha, mais uma vida que nasce dentro de si, mais um velho que morre por dias longínquos de 24 horas.

Meu coração estridente e apavorado se fecha em quietude, posso notar a claridade e minha nudez, me perturbo com a realidade abusada do meu próprio ser.

Anoso uivo que vem me visitar, sobre o anoitecer dos imortais, o clímax que se estende sobre um luar avermelhado e sedoso, são as ondas cerebrais que vagam no florescer de sua virgindade perdida.

Medicamentos e pinturas, sua obra de arte eternizada pelas melodias de cerberus, vagando sobre a canoa que leva ate o Tártaro. Os farelos de um crânio que se desfaz caindo sobre as águas vis e mortíferas.

Maquiagens que forjam os anéis de paz, melodias que mostram o tormento banal e os retratos que mancham uma falsa beleza.

Resultados da carnificina mundial, apenas mais um deitado sobre seu leito e vigiado no próprio velório, as serpentes se aproveitando da paralisia permanente de seu pulso.

Apenas o resultado das variáveis, um nome letífero que agora caminha em direção a seu próprio nascer do fim.

As portas que se abrem e passos leves, um chamado de voz feminina que emoldura o vazio, gestos perplexos ao encontra seu filho, choros e prantos a partir de então, enquanto os olhos de seu pequeno permanecem com as pupilas dilatadas e ensangüentadas.

De um banhar de fluidos é levado, para o freezer e depois ao forno, somente restando as cinzas de memórias tristes e incultas, tragando mais pessoas ao mesmo caminho, aquela que encontrou , tempos depois fora achada, mergulhada em sua banheira, marcada pela injeção de dores emocionais e feridas letais.

Depressio
Enviado por Depressio em 08/12/2008
Código do texto: T1325442
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.