UM CRIME
Felisberto estava inseguro quanto ao rumo das próximas eleições. Sua campanha, apesar da grande soma de reais gastos, não emplacava. Seu adversário, ao contrário, rapaz humilde, mas bem sucedido na vida, ia de vento em polpa, apesar de ser uma campanha pobre e limpa.
Felisberto não conseguia dormir. De repente, o diabo lhe cochicha. Por que não eliminar o adversário? Tão perto das eleições seria difícil outro concorrente tão forte. Passou a noite ouvindo os cochichos maquiavélicos e, no dia seguinte contratou um matador profissional, pessoa de sua confiança. A trama era perfeita. Tudo combinado. Seria à noite, como se fosse um roubo.
Acontece que os planos dos homens são uns e os de Deus são outros. Na noite do crime, quando o matador, depois de haver burlado a segurança, entrou no quarto do candidato, qual não foi sua surpresa; ao lado da vítima, dormia linda e languidamente a jovem mulher do matador. Surpreendido pela traição, não teve dúvidas: matou os dois. E o crime que seria político transformou-se em crime passional.