O que tu vês?
Jeferson era um negro de sorriso fácil. Sempre de bem com a vida. Aparentava uns trinta e quatro anos. Trabalhava numa empresa de embalagens, carregando e descarregando caminhões.
Nada conseguia tirar seu humor. Mesmo quando era ofendido por seu patrão, uma alma infeliz que se julgava mais que os outros, não sabia revidar. Era a paz em pessoa.
Certo dia saiu do trabalho, foi direto para o Supermercado. Partiu logo para a Feira, começou escolher alguns tomates.
De repente chegou um rapaz também negro, só que bem maior que Jeferson. Uns dez centímetros a mais, Jeferson tinha próximo de 1,70 m.
Este devia passar um pouco de 1,80 m, de semblante muito sereno, mas de poucos risos.
Usava uma bermuda larga, chinelo de dedos, camiseta cavada.
Aproximou de Jeferson, trocaram uns afagos. Depois de algumas palavras breves, beijaram-se nos rosto com muito carinho. Um abraço apertado, outro beijo, o desconhecido foi-se embora.
Muito perto de Jeferson algumas Senhoras olhavam espantadas, faziam comentários balançando a cabeça negativamente. Jeferson percebia, mas sorria e continuava escolhendo seus tomates.
Uma mais afetada não se conteve, passou por operador de empilhadeiras e soltou:
- Este mundo está perdido. Ave!
Jeferson sorriu, pegou seu pacote, dirigiu-se a padaria. Nisto o jovem com quem mostrou ter muita intimidade voltou, gritou de longe:
- Papai, eu te amo. Logo estarei de volta.
Fim