Incomplete.
Capítulo 1.
A neve caia lá fora, dentro de casa, papai e mamãe estavam assistindo TV, Gerard estava desenhando e eu... Bem, eu estava admirando a paisagem, e pensando nele. Sem querer uma lágrima escorreu por minha face, limpei rapidamente na tentativa que Gerard não percebesse, mas foi inútil, afinal são sempre inúteis minhas tentativas de esconder de Gerard quando estou mal. Ele tem o dom de sempre perceber quando estou triste, o que ultimamente isto está quase virando rotina. Eu penso nele... O Gee vem me ajudar a esquecer, mas é impossível esquecer de alguém que já foi o grande amor da sua vida, ou seu melhor amigo... Ele veio em minha direção, pousou sua mão na minha, eu não sei por que mais senti minha mão gelar na hora que encostou. Ele segurou forte, me levando até seus braços, que sempre me davam segurança.
- É ele de novo? - perguntou em um tom baixo acariciando meus cabelos com uma das mãos e a outra ele me abraçou. Gee sempre sabe como me acalmar, me fazer sentir bem, me fazer rir... O que ultimamente eu não fazia muito, depois que ele se foi.
- Uhum... - respondi em no mesmo tom que usara antes.
- Sentiu saudades? - mais do que possa imaginar... Saudades eternas.
- Hum... Olha só, que tal irmos à locadora, pegarmos um filme de terror, fazermos pipocas e assistirmos aqui no quarto, juntinhos, como antigamente, HUM, HUM? - fez cara de criança pidona, fazendo cócegas em mim. Sim Gee, era simplesmente maravilhoso.
- Mas... Eu... Não gosto... De filmes... De terrorrrrrr. - falei em meio às cócegas de Gee, que estavam me deixando quase sem fôlego.
-Michael James Way, eu não vou brigar com você agora... Quem sabe mais tarde. - Sorriu... Aquele sorriso... Parecia que quando ele sorria o meu mundo escuro e sombria virava um mundo alegre, bonito e sem problemas... Mas eu sabia que esse mundo não existia, e parei de me iludir, desde que Deus o levou de mim.
- Chato! Vamos logo antes que caia mais neve e papai não consiga nem tirar o carro da garagem! - falei o puxando para fora do quarto.
Fomos até a locadora, Gerard, do jeito que entrou foi direito para a prateleira de filmes assustadores, sombrios, e alguns em minha opinião um tanto nojentos... Cabeças pra cá, partes do corpo pra lá, esses filmes em vez de medo me davam enjôos. Eu segui para as prateleiras de filmes variados, lá você encontrava filmes de terror, alegres, dramáticos, desenhos, DVDs de bandas e mais um monte. Nenhum particularmente me chamou a atenção, mais eu teria que escolher um ou teria que passar a noite sonhando com cabeças voadoras, gente morta... Que viveu de novo... Isso é confuso pra uma cabeça só.
- Vampiros, Lassie... Esse filme ainda existe. Bob esponja, Casa do lago, a casa de vidro... O diário de um adolescente... Hum... É esse! - peguei da prateleira e fui a caminho de onde Gee se encontrava. Bom, quando eu cheguei lá, ele estava com uma montanha de filmes de terror na mão, seus olhos brilhavam como duas pedrinhas de brilhante, seu sorriso fazia o estilo ‘orelha a orelha’. E ele não parou por ai, enquanto não pegou todos os filmes que lhe interessava, não parou de andar. E quando eu digo todos... São todos mesmo... -esse,esse,esse,esse,esse,esse aqui é foda, esse,esse...eu nunca assisti por isso vai na lista,esse,mais esse...e esse aqui...péra faltou só mais um. - falou entregando nas mãos do atendente para que pudesse marcar na ficha.
- Gee, mais você já assistiu a todos... - falou o atendente.
- Mas são legais e eu quero ver de novo, oras. - Gerard quando aluga filme, os assiste até começar sair fumaça do DVD. Ou seja, enquanto ele não decora todas as falas do tal filme, ele não descansa.
- O diário de um adolescente... Bom gosto, esse filme é bem legal... - disse o atendente sorrindo e me fazendo sorrir também.
- Obrigado - falei gentilmente para o rapaz de olhos azuis que estava na minha frente.
- Belos olhos - falei para mim mesmo na intenção de ninguém ouvir, mas foi inútil.
- Como? - ele perguntou - hm?
- Tchau! - acenei e o vi responder ao ato. Entramos no carro e papai deu a partida, Gerard em nenhum momento olhou para mim, permanecia estático e não me dirigia à palavra. Seja lá o que eu fiz, o deixei chateado. Chegamos em casa e Gerard foi direto para a cozinha preparar tranqueiras, como dizia a Sra. Donna, mãe mais perfeita do mundo. Ela me deu toda a força de que eu precisava. Não que a do Gee não fosse o suficiente, mas colo de mãe não tem igual.
- Gee? - chamei-o, mas ele não olhou pra mim.
- Quê? - falou sem se preocupar e continuou a encher uma bandeja que estava ficando com enormes montanhas de chocolate, salgadinho, refrigerantes, balas, chicletes.
- Hum... Você está bem? – perguntei - Com medo de perguntar - Eu já disse que eu sou confuso demais nesses trocadilhos.
- Eu estou ótimo! - falou ironicamente.
Quando ele fala assim da vontade de pegar ele pelo cabelo, girar e joga longe, igual a desenhos animados.
- Gerard Athur Way, o que é que eu fiz pra você estar agindo assim comigo? - ele me estressou, odiava brigar com Gerard.
- Por que não pergunta para o dono da locadora? – Sim, ele estava bravo.
- Dono? Eu pensei que fosse atendente. Mas já promoveram ele - falei irônico, sabia que irritaria ele assim, mas não me contive. Ele me olhou com a pior cara de matador possível, eu confesso que tive medo que ele pegasse uma faca e me cortasse em milhões de pedacinhos depois fritasse e comesse. [n/a Agora tu viajou, cara[n/a]
Porém ele não o fez, apenas virou as costas e subiu para o quarto batendo os pés. Parabéns Mikelino, agora vai ter que se desculpar. Subi calmo, entrei no quarto e ele já havia colocado o filme, sentei do seu lado e esperei,esperei e esperei.... Eu não sabia o que falar, nem como me desculpar, jura? durddd.
Fiquei assistindo o filme quietinho, até chegar nas partes assustadoras. Eu me encolhi abraçando minhas pernas, medo? Magina.
- Ahhhhhhh! - gritei assustado pulando praticamente no colo do meu irmão. Quando percebi o que tinha feito, sai rapidamente dele, e sentei novamente assistindo o filme, com cara de quem não fez nada.
Gerard caiu na risada.
- Hey, o que foi? - falei o mais bravo que pude e ele nem respondeu, só continuou rindo, eu me levantei e deitei na minha cama de costas para ele, odiava que ele me fizesse de bobo, ou risse de mim, isso era fim! Afinal o que tem de mal ter medo de filmes... Eu gosto de assistir Bob Esponja.
- Mikey? - me fiz de surdo.
- Mikeyyyyyyyyy?! - ele gritou.
- O que é porra? - respondi. Acho que eu já estava vermelho igual camarão assado.
- Me desculpe, eu não quis rir de você, mas foi tão engraçado - ele tampou a boca para que não caísse na gargalhada de novo.
- Cala a boca! - joguei uma almofada nele.
- Mikey, não fica bravo comigo, criança do tio Gee - me abraçou por trás e me beijou na bochecha.
- Você tem que medir as coisas que você fala, você sempre soube que eu tenho medo de filmes terror.
Virei para ficar de frente para ele.
- Ok, prometo não fazer mais, palavra de escoteiro. De hoje em diante a gente só assiste Barney.
- Você nunca foi escoteiro seu imbecil, e eu não gosto de Barney. A discussão já tinha acabado há um tempo o filme também. Gerard já estava dormindo, eu estava tentando, mas a porra do tempo mudou do nada e estava chovendo forte do lado de fora, junto com a chuva vinham os trovões... Que particularmente me deixavam morrendo de medo. Eu não tinha escolha. Se eu não fazer isso eu não consigo dormir hoje.
- Gee?!
- Só mais cinco minutinhos, manhê!
- Gerard eu não sou sua mãe!
- É verdade... Você nem tem peitos!
- Claro que não, eu sou seu irmão seu tosco!
- Eu tenho irmão?
- Não Gerard, eu sou seu pai!
- Não era irmão?
- Ah pára... Falando sério - fiz cara de bebê abandonado em dia de chuva sem amor e carinho, pelado e com frio, chupando o dedo [/forcei]
- Quê? - ele virou ficando de costas pra mim.
- Eu... Eu... To… - era difícil admitir que eu era um medroso, especialmente para ele que não tinha medo de nada.
- Você está com medo? - ele virou pra mim com cara de mamãe quando vai apertar a bochecha do neném.
- É-é! - coloquei a mão na cara.
- Pára de ser bobo, Mikes. Deita aqui comigo, vem! - ele me puxou para a cama, nos cobrindo me envolvendo entre seu braço.
- Não precisa ter medo, eu sempre vou estar aqui para te proteger, porque você é o pivete que eu mais amo, tá?
- Uhum. - sorri ao ouvir dizer isso, eu já sabia que ele me amava e tudo... Mas... Ele nunca me disse.
- Te amo, Gee - ele já havia dormido, por isso não ouviu... Eu acho. Era impressionante o modo que ele me tratava, éramos irmãos. Deveríamos estar se matando, ainda mais quando mamãe e papai comparam Gerard comigo, porque ele deveria ser o exemplo e não eu e que ele deveria ser responsável, não usar drogas e nem beber e blá blá blá. Gerard deveria me odiar, mas não, ele me trata como uma preciosidade, como alguém que lhe importasse mais que a própria vida. Ele me fazia bem, me fazia sentir segurança. Ele me dava todo o apoio de qual eu precisei e precisarei para toda a vida, porque o maior apoio que me dá é seu amor e esse eu quero pra sempre. Te amo, Gee... Ai eu não lembro de mais nada, porque ai eu dormi...
- Manhê, eu vou sair, tchau. Tchau, Mikes, te cuida, eu te amo muito tá? Para sempre, sempre. Cuida de todos. - ele saia e me dava um lindo sorriso, mas seu olhar era triste.
- Tchau Gee, te amo. - e assim eu subi para meu quarto, até que ouvi um grande barulho de dois carros batendo, olhei para a janela era o carro de Gee, estava todo amassado e algumas partes estavam pegando fogo, quando olhei mais ao lado avistei Gerard caído, meu coração parou, respiração enfraqueceu, olhos ardendo, lágrimas não evitavam em cair.
- Nãooooooooooo! - gritei me levantando da cama,logo ouvi passos pelo corredor e lá estava Gerard, entrando no quarto.
- Mikey, o que foi? - ele parou do lado da cama, não pensei duas vezes me levantei e fui abraçá-lo, um abraço como nunca tinha dado em meu irmão, um abraço apertado, sua blusa já estava encharcada com minhas lágrimas que não paravam de cair.
- Gee... - meus soluços não deixavam que minha voz saísse.
- Mikes, que foi pequeno, o que houve? - ele acariciava minhas costas.
- Não me deixa, não vai embora, eu te amo!
- Eu não vou à lugar nenhum Mikey, eu sempre vou estar aqui com você, meu pequeno, sempre vou te amar.
Comecei a chorar denovo, a dor de perder Gerard eu não poderia agüentar.
- Hey, hey. Foi só um sonho tá? Se troca e desce,o café já está na mesa. - me deu um beijo na bochecha e desceu.
Eu já estava mais calmo,Gerard havia me assegurado que tudo não passou de um sonho...pesadelo. Desci as escadas e fui para a cozinha e comecei a comer.
-Manhê, eu vou sair, tchau. Tchau,Mikes,te cuida,eu te amo muito tá? Para sempre,sempre. Cuida de todos. - Eu gelei, se o que eu sonhei era verdade. Não poderia deixar que meu irmão saísse.
Me levantei da cadeira rapidamente em um estante cheguei ao meu irmão.
- Você não pode ir, você vai bater e vai me deixar, eu não vou deixar você ir, não pode, não pode. - Eu estava desesperado, minhas palavras se enrolavam e minhas frases saíram meio que sem sentido.
- Mikey, calma, eu só vou dar um pulo ali no Ray, e daqui a pouco eu volto. - Ele sorriu. Igual ao meu sonho e seu olhar estava triste. Igual ao meu sonho, porra. Eu fiquei paralisado vendo ele sair com o carro, caminhei até mais um pouco a frente, onde tinha um jardim, e fiquei observando o carro de Gee se afastar, quando entrei em casa pude ouvir o mesmo som de batida de carro que tinha em meu sonho, não consegui virar para trás, apenas fechei os olhos e as lágrimas começaram a sair sem controle algum.
Minha mãe corria para fora e gritava, pessoas formavam uma roda em volta do acidente enquanto outras chamavam ambulâncias. A dor começou a ficar forte, muito forte, minhas pernas não me agüentaram e eu caí.
- Foi culpa minha, eu não devia ter deixado ele ir, o que vai ser de mim sem ele? Ele prometeu nunca me deixar, ele prometeu.
Eu me debatia contra o chão gritando, enquanto pessoas tentavam me acalmar, mas não era possível. A pessoa que eu mais amo no mundo pode estar morta e eu não pude fazer nada.
" Hoje eu só quero gritar por seu nome, me deixe crer que tenho você ainda, como fica meu coração? Todas as noites que eu lembro de ti, como fica meu coração?"
Levaram Gerard e a outra pessoa que havia se ferido, para o hospital.
Meus pensamentos estavam longe, mamãe estava sentada em uma cadeira junto com Helena e o papai. Eles tentavam acalmá-la, eu assistia a cena sentado na última fileira daquela sala branca. Aquele cheiro de naftalina entrava por meu nariz, fazendo-me sentir enjoado. Passaram 1,2,3 horas... Cadê aquelas porras de médicos que não trazem noticia do meu irmão? Eu começava a ficar estressado, resolvi me levantar da cadeira e ir falar com as enfermeiras que passavam transitando de um lado para o outro.
- Com licença, eu estou aqui há 3 horas desesperado, esperando notícias do meu irmão e nenhuma porra de um médico vem dar notícias. - Eu falei alterado, com meu tom de voz alto minha expressão enfurecida a enfermeira se assustou, mas logo voltou com aquele sorriso cínico.
- Como acha que eu posso me acalmar? Meu irmão está prestes a morrer e ninguém vem dar notícias! - minhas lágrimas rolavam pela minha face, papai se levantou e veio me abraçar, mas eu hesitei parando em sua frente.
- Cadê o Gee? Por que não vêm avisar que já podemos levá-lo para casa? Eu quero meu irmão, vocês não entendem, eu não preciso me acalmar, eu preciso dele... apenas dele.
- Falei as últimas palavras em um tom extremamente baixo, lágrimas caiam sem pudor, eu sentia minha pernas fracas, tremiam em sinal que não agüentariam meu corpo por muito tempo, sentei na cadeira abraçando meus joelhos e pondo assim, meu rosto a esconder ali mesmo.
- Mikey, eu sei que é difícil, mais ele vai ficar bem, ele não gostaria de ver você assim. - Disse meu pai, me fazendo encará-lo fixamente suas íris escuras.
- Não fale dele no passado! - Disse elevando meu tom de voz e sai correndo dali.