Luz ao coração

Nas Trevas da alma encontrei enfim luz ao meu coração

Novamente lá estava ele, caminhando pela noite entre devaneios e pensamentos soltos, querendo como todos voltar ao passado, e reviver assim momentos inesquecíveis de um tempo feliz onde tudo era fácil e sem obstáculos.

Afinal, não sabe exatamente em que momento escolheu este caminho, assim por vezes se entristece e vê com dor e temeridade os fatos que agora o cercam.

Sabe bem que todos aqueles que buscam invariavelmente enfrentam as trevas da alma, em algum momento, em qualquer lugar, e face a face com seus piores demônios são obrigados a superarem o medo ou a deixarem o tão sonhado destino.

A dor que agora lhe atravessa o peito rasga a noite como um raio furioso, destruindo tudo por onde passa, sabe que é chegada a hora de enfim enfrentar aquele a qual tantas vezes evitou, seu pior demônio, seu maior pesadelo, ele próprio.

Procura então uma caverna e lá ascende sua fogueira, convida o demônio e Morte para que entrem, a fogueira lentamente queima é com ela imagens do passado, futuro e presente, tão vivas e mágicas que se apresentam agora diante de seus olhos.

Finalmente em estado de meditação, vê os dois caminhos possíveis a qual seu coração deve escolher, o primeiro é o caminho fácil onde sempre se olha para a ilusão, seja pelo passado que não volta, ou por ilusões de um futuro que nunca chegam, neste caminho a auto-ilusão toma conta do homem e para sempre será escravo de suas ilusões.

Já o segundo caminho é conduzido pela Morte, sabe bem que ao escolher este caminho deverá matar para sempre suas lembranças e histórias, qualidades e defeitos, vícios e virtudes, renascendo assim na fria escuridão.

Tomando enfim sua decisão, com força e fúria rasga seu coração, tirando dele tudo que é negro e podre, pequeno e cruel, neste instante a tristeza lhe toma a alma e o medo invade seu coração, sabe que não deve desistir, deve vencer a dor, vencer o frio, a tristeza e falta de amor.

Por isso usando de suas últimas forças rompe a noite com seus gritos anunciando a eterna luta do homem em busca de luz.

Lembra-se em meio a sua dor dos grandes mestres, que outrora assim como ele enfrentaram suas trevas pessoais, lembra-se de seus exemplos, de suas vidas e testes, lembra-se que escolheu a dor que agora passa e os testes que agora vive, e como poucos escolheu assim viver intensamente, e através do Deus de seu coração buscar o autoconhecimento.

Sente então que a dor machuca sua carne, arranca seu sangue, traz lágrimas aos seus olhos e gritos a sua boca, mas mesmo assim jamais poderá impedi-lo de buscar viver sua lenda pessoal, seu destino, sabe e por fim finalmente compreende que é senhor de sua vida, mestre de suas vontades, pois assim o escolheu, e para sempre será a estrela que brilha e o Sol que renasce para mais um dia.

E assim porque entendeu que ninguém pode vivenciar o novo com ódio ou medo no coração, vence sua primeira de muitas batalhas, batalhas estas que todos os buscadores enfrentarão algum dia, por fim repleto de paz e amor entrega-se ao merecido descanso dos guerreiros.

Aguarda ancioso o desabrochar de uma nova estação, seu novo ciclo, o próximo passo da eterna jornada da alma.

“Saúdo aos demônios que agora me afligem, pois ao amanhecer do novo dia eu os derrotarei”

"A simplicidade é o último degrau da sabedoria"

Khalil Gibran

dos Santos
Enviado por dos Santos em 11/11/2008
Reeditado em 12/11/2008
Código do texto: T1277287
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