Ontem à noite com pipocas e guaraná, madrugada
já lá na frente, e eu sem sono, fui procurar um DVD bem antigo daqueles que a gente chora chora e quanto mais chora mais
quer chorar. E eu estava mesmo precisando derramar umas
lagrimázinhas bem salgadas para combinar com as pipocas
que queria devorar.
Encontrei um DVD do Clint Eastwood, chamado As Pontes de
Madisson County.  Uma história linda que Clint escreveu e filmou
em 1995.  Vale a pena assistir.
Clint Eastwood filma estes momentos de primeiro contacto entre as personagens com uma sabedoria e delicadeza que a todos espantou, repare-se quando ele lhe roça com a mão no joelho, ao abrir o porta-luvas e a forma como ela fica perfeitamente extasiada com aquele gesto fortuito. Depois será o convite para jantar, após a primeira sessão fotográfica e quando ela o vê no quintal de sua casa a lavar-se, de tronco nu, começa a ficar seduzida por aquele estranho de voz rouca e arrastada. Durante o jantar conversam animadamente, algo que na vida dela não existia, como vimos no início da película, nessa refeição em que apenas vive o ritual de passar a comida e onde o diálogo com o marido já se encontra ausente do quotidiano.

Como se sabe as palavras são como as cerejas e Robert e Francesca descobrem isso mesmo e lentamente a curiosidade que sentem um pelo outro, transforma-se em atracção mútua, que irá tornar aqueles dias numa memória viva para sempre no coração de ambos.
A forma como Clint Eastwood filma os pequenos gestos e as palavras tomam conta do espectador ao longo da película e depois há esse fascínio que nos é oferecido por Meryl Streep, que consegue transmitir todas as ansiedades e desejos da personagem. Veja-se a forma como ela se sente quando toma banho na banheira onde anteriormente Robert Kincaid tinha estado, amando cada gota de água que ainda corre do chuveiro, como se elas fossem os dedos do homem por quem se encontra perdidamente apaixonada.

Todas as horas são vividas por eles com um carinho muito especial e quando ele a convida para sair e dançar todos os medos se apoderam dela, mas ele sabe melhor que ninguém que no local onde vão nunca irão encontrar brancos, porque ali toca-se jazz e ama-se a música, da mesma forma que eles se amam um ao outro e aqui, mais uma vez, Eastwood nos demonstra o seu amor pelo jazz e blues, música que ele adora desde criança.
Mas o final não é feliz. Ela morre.
Dai começei a chorar. Chorei muito. O dia amanheceu e eu chorava.
Me fez bem
ysabella
Enviado por ysabella em 08/11/2008
Código do texto: T1272658
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