DUAS DOSES DE ABSYNTO

Sentou-se na mesa que julgou ser a mais conveniente para a estratégia que havia concebido. A qualquer momento ela entraria, envolta em brumas... Sim... envolta em brumas... pelo menos era assim que a percebia depois da segunda dose de absynto... Sentiria novamente o seu perfume...não que já o tivesse sentido, mas aquele que imaginava para ela...Percebeu que apenas uma mesa estava vaga... a mesa ao seu lado... era um homem de sorte... Seus planos de conquista lhe pareciam ridículos, mas não lhe ocorria nada melhor...Trataria de derrubar o copo de água (que também havia pedido) sobre a mesa e olharia para ela com um olhar de "sou mesmo um desastrado"... Mulher não resiste a um homem que pareça carente de seus cuidados maternos...

A porta abriu-se trazendo a mulher envolta em brumas... Tentou desviar o olhar, desacelerar o coração, mas eles não o obedeciam... Preparava-se para o golpe final, escolhendo a melhor maneira de derrubar o copo de água, quando ouviu uma voz de homem bem próximo ao seu ouvido sussurrar: Tem fogo? Aquela voz pertencia mesmo à mulher das brumas, ou duas doses de absynto tinham o poder de distorcê-la?... Pelo sim, pelo não, acendeu o cigarro da "mulher", pediu a conta, deixou por uns tempos de frequentar aquele pub e nunca mais passou da primeira dose de absynto...

Belinda Tiengo
Enviado por Belinda Tiengo em 05/11/2008
Reeditado em 05/11/2008
Código do texto: T1267766
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