Ele e Ela

A paz sempre foi para os velhos calmos, já a droga é para os aventureiros rebeldes que não respeitam a morte. Ela amava como um dependente químico, destruía corações como um delinqüente, de tanto dissimular alegria acreditava que nascera para a tristeza. A idade aumentava cada dia mais depressa. Os nossos sonhos nunca mudam, o pessimismo é que aumenta. Um antigo namorado que há muito tempo não via tocou a campainha, eles conversaram sobre nada, desanimados e desesperados. O tempo não volta, isso todos aprendem um dia. Ele não gostava mais de ninguém e o estresse do mundo moderno o deixava cada dia mais lento, mais burro, menos criativo. Ele desejava a morte e com uma inesperada ajuda dela eles caminharam para aquele assunto maldito. Nenhuma promessa vale por muito tempo, mas eles decidiram se matar naquela tarde. Ligaram uma mangueira do escapamento à janela do carro, parecia uma ótima técnica de suicídio. Ligou-se o carro e deixou a fumaça entrar. Em meio à fumaça ele pensava em desistir, dizer “vamos voltar”, mas se segurou e não abriu a boca, ela deitou em seu ombro, ele a abraçou, esperaram um tempo e depois, é claro, morreram.

Leonardo Priori
Enviado por Leonardo Priori em 23/10/2008
Reeditado em 23/10/2008
Código do texto: T1244358