Sucessão de Erros

Ela tentava entender o que tinha acontecido...

Agora, propositalmente grávida do homem que ama, mas que a despreza totalmente, sem emprego, sem amigos, completamente só. Exceto pela mãe, que já cuida do Juninho, fruto do primeiro fracasso amoroso, lá se iam oito anos.

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Naquela noite de nove de fevereiro, Luciana sabia que os óvulos estavam no aguardo, prontos para serem fecundados.

Preparara-se a tarde toda, tomou um banho demorado e quente. Esfoliou a pele deixando-a macia, transpirando feminilidade.

Pediu à mãe que passasse seu conjunto de linho, aquele novo, comprado exatamente para esta ocasião. Perfumou-se com o cheiro que o entorpece, ela o conhece bem.

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Conheceram-se no escritório de contabilidade, onde trabalhavam juntos. Luciana conseguiu este emprego depois da separação. Dedicada, não demorou muito para ascender profissionalmente, era chefe do departamento pessoal. Ele, casado, uma filha, relatava para ela nos horários de almoço que já não suportava o ciúme doentio da mulher, que se não fosse a menina já estariam separados.

Não demorou muito, começaram a encontrar-se após o expediente, em idas ao Motel, que duravam no máximo uma hora, quase todas as semanas. Este relacionamento prolongou-se por três anos. Ele nada prometia, mas o coração iludido de Luciana aguardava ansiosamente o dia em que Mário chegaria com um enorme ramalhete de rosas no escritório e anunciaria que eram almas gêmeas. Isso nunca acontecera.

Sexta-feira, doze de novembro.

Luciana resolveu então que iria resolveria o problema dele. Assim, lhe ficaria extremamente grato e então, teria a certeza de que ela era a mulher da vida dele.

Saíra mais cedo do escritório, sem avisar ninguém.

Apertou o interfone do apartamento 202, Lílian, a esposa de Mário, avisou que subisse.

Cerca de uma hora depois, ele entrou com a filha pela mão e se deparou com Luciana e Lílian na sala. Lílian chorava intensamente e não olhava nos olhos dele. Meu Deus, os olhos dele, Luciana nunca os tinha visto assim. Era assustador! Entendeu, então, o quanto o seu coração estava enganado.

Esperou o telefonema dele durante o final de semana todo. Ele nunca lhe telefonara, mas agora, talvez...

Quando chegou no escritório, na segunda-feira, a carta de demissão estava em cima de sua mesa. Pagariam lhe tudo o que tinha direito e teria que se retirar imediatamente. Mário sequer lhe dirigiu o olhar, nenhuma palavra, desprezo total.

Sentiu o mundo desabando sobre a cabeça! Uma amargura profunda, tristeza imensa, uma decepção muito maior do que a que já tinha vivido! Achou que não iria suportar.

Foi o pior Natal de toda a sua vida. Nada tinha sentido. Mário não atendia aos seus telefonemas, não respondia aos seus e-mails, a dor estava se tornando insuportável.

Na volta da temporada que passou na casa da tia em Balneário Camboriú, Luciana resolveu que o encontraria de qualquer jeito, e eternizaria os laços deles.

Então, preparou a tabela, fez os cálculos, arquitetou o encontro.

O conhecia bem, sabia que os hormônios dele não resistiam a ela.

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Abordou-o na saída do escritório. Linda, bronzeada, perfumada.

Mário nunca a tinha visto assim tão linda e irresistível.

Permitiu que entrasse no seu carro e fossem juntos ao Motel para conversarem.

Nenhuma palavra, e o desejo de ambos saciado. Mário arrependeu-se logo depois, deixando-a sozinha no quarto com a conta para pagar.

Contas. Essas, ele ainda terá muitas a acertar.

Catia Schneider
Enviado por Catia Schneider em 17/03/2006
Reeditado em 17/03/2006
Código do texto: T124365