Garoto Sapeca

Pedrinho era menino sapeca andava pela vizinhança sempre que podia. Num desses passeios, deparou-se com situação diferente do acostumado. O movimento de pessoas, equipamentos, carro de policia, bombeiros, tudo isso no entorno do prédio da rodoviária de sua cidade. Procurou chegar mais perto para ver melhor. Um policial o barrou. – Sai daqui garoto! Disse. O menino desabou estrada afora. Mas bastou-se um pedido lacônico da sua consciência e Pedrinho retornou a rodoviária, agora por um destino diferente o qual ele e alguns amigos conheciam em momentos de pura peraltice. Pulando muros, atravessando terrenos baldios, obrigando-se a enfrentar por conta da sua curiosidade, muitas peias ousou transpor. Subiu numa árvore do terreno vizinho. Já sobre a edificação, chega a uma pequena janela, que do alto da parte norte da rodoviária servia de clarabóia ao grande salão de espera, que ficava no alto da laje dos banheiros públicos. Ali tinha ele uma excelente visão de todo o interior da grande estação de embarque. Para acompanhar o movimento dos policiais e demais autoridades. Inclusive câmeras de televisão. Deslocava-se mais para a direita e por cima do telhado esgueirando-se por detrás da pilastra de uma das antenas parabólicas tinha total visão do lado de fora. Corria lá, corria cá, conforme o desenrolar da situação, descobri ser aquilo uma batida policial à três homens que portavam drogas. Já vira esse tipo de situação em filmes e até nos telejornais. Tudo se dava de modo muito assustador homens com cara de mal portando armas e ameaçando pessoas no interior do prédio enquanto lá fora muito movimento, muitas viaturas com suas luzes de alerta ligados o tempo todo. Havia um homem com um megafone. Parecia que ele comandava toda a operação. De repente alguns homens uniformizados adentram no recinto esgueirando-se dos tiros disparados pelos bandidos. Um policial é alvejado no peito, o impacto faz seu corpo seguir em sentido contrario tal o impacto do projétil. Possivelmente fora aquele que estava empunhando um fuzil. Outro policial pula para traz de uma marquise, olha para o colega estirado ao chão e nada pode fazer. Enraivecido, tira um dos ombros da segurança do pilar e faz pontaria na direção do agressor, mas nada pode fazer pois o oponente esta covardemente se protegendo com um escudo humano. Uma tropa de elite desce do teto pelo outro lado do saguão disparando contra os marginais. Tiros certeiros atingem dois dos facínoras que estavam atrás de uma mureta, enquanto o que estava com uma mulher grávida a sua frente, disparou uma rajada de tiros para o alto, na intenção de atingir os policiais, mas aqueles especialistas em terrorismo, caíram rapidamente e rolaram para a proteção mais próxima, que previamente haviam estudado, pois sabia que estes tipos de policiais, são altamente trinados e nenhuma operação dessa natureza é efetuado sem o devido estudo estratégico para o ataque. Perdido e sozinho, o malfeitor arrasta a mulher pelo pescoço até atingir a porta de um dos ônibus que ali estavam estacionados aguardando por passageiros. Grosseiramente obriga a pobre gestante a subir de costas dando a ele a máxima proteção. Os policiais agora podem sair dos postos e acompanhar o problema de uma distancia melhor. Protegidos nas muretas que separam o estacionamento do saguão. Eles se posicionam para aguardar a ordem de atirar do seu chefe. Câmeras de televisão espalhadas por todos os lados, acompanham todo o acontecido. Pedrinho fica estático, quase não pisca o olho. Resolve empurrar a janela para ver melhor, nesse ínterim, escorrega e cai por sobre três grandes latões de lixo o que emito aquele estrondo, por conta da acústica do prédio. Todos que ali estavam olham para o lado dos banheiros e vêem aquele menino franzino sair do meio dos latões de lixo, agora esparramados pelo chão, limpando a roupa e fazendo uma revisão corporal lacônica, em meio ao susto. Nesse momento o homem que comandava tudo pelo megafone, atônito, se recompõe e numa ância de cólera, leva-o na direção da boca e a todo pulmão brada: - CORRRTAAA. De onde saiu este rapaz. Questiona, não querendo resposta. Ele estragou a filmagem. Vamos ter que repetir a cena desde o começo.

Pedrinho, docemente ruborizado, descobre de imprevisto que todo aquilo se tratava de um filme.